Automação e robotização de processos só serão eficientes se gestor souber aplicar conceitos de humanização
Por Editorial GesSaúde
O conceito de humanização da Saúde é, muitas vezes, interpretado de forma incompleta por diversas organizações do setor no País. A relação direta entre profissionais e pacientes na ala assistencial é apenas uma peça do sistema humanizado. Especialistas explicam que o gestor deve ter uma visão holística da instituição, com foco direto nos colaboradores, que são os agentes responsáveis por cada ação na operação do negócio. Além disso, a gestão deve ser clara e totalmente voltada para resultados. A tecnologia entra nesse circuito como facilitadora da humanização.
De acordo com o Ministério da Saúde, responsável pela implantação da Política Nacional de Humanização, esse conceito é “a valorização dos usuários, trabalhadores e gestores no processo de produção de saúde. Valorizar os sujeitos é oportunizar uma maior autonomia, a ampliação da sua capacidade de transformar a realidade em que vivem, através da responsabilidade compartilhada, da criação de vínculos solidários, da participação coletiva nos processos de gestão e de produção de saúde”.
Para o médico Fernando Teles de Arruda, coordenador adjunto do curso de medicina da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), o processo de humanização vai além do contato direto entre profissionais e os pacientes. “A humanização deve permear todo o ciclo assistencial, desde que o paciente entra na instituição ou até mesmo na hora de marcar a consulta. Todo esse percurso é regido por vários atores e processos”, salientou o especialista que será um dos moderadores durante o I Congresso Brasileiro de Maturidade de Gestão na Saúde, que acontece em dezembro, em São Paulo.
“Para alcançar a humanização, a gestão tem de ser eficiente, enxuta, voltada para resultados. Ela permite que a pessoa que transpassa essa linha de cuidado tenha experiências positivas, objetivos alcançados ou, ao menos, esclarecidos. Tem muito a ver com gestão otimizar processos, valorizar pessoas, educação permanente, educação continuada”, explicou. Com a transformação da gestão voltada para a humanização, a aplicação de tecnologia irá melhorar a execução dos processos em cada ponta da operação do negócio. “A tecnologia é o meio pelo qual esses profissionais que prestam o cuidado terão disponíveis informações que auxiliarão na humanização da assistência”, explicou Arruda.
Gestão madura
O médico avalia que grande parte das instituições de Saúde no País ainda possuem “visão dura” sobre o conceito de humanização. “Dá para perceber que as instituições de ponta trabalham a segurança do paciente com o uso de tecnologia que otimiza processos, o que acaba passando pela visão do paciente como um processo humanizado. O uso da tecnologia permite que, de fato, o paciente participe do tratamento, sabendo e compreendendo cada etapa, o medicamento que está tomando, a quem deve chamar caso se sinta mal, ser tratado pelo nome, saber para qual ala está sendo encaminhado”, exemplificou.
A realidade, de acordo com o especialista, ainda é outra. “Temos muitas instituições que não possuem esse sistema de humanização. É uma visão mais dura, em que acreditam que humanizar é abrir um horário de visita, instituições que ainda possuem uma gestão médico-centralizada, em que a conduta do médico, os resultados do médico ainda são muito importantes”, disse.
O caminho para a mudança começa, primeiro, com a alteração da mentalidade, que deve voltar a prática assistencial para colocar a humanização como um objetivo a ser buscado em cada etapa de cada processo.
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