Organizações de Saúde devem se preparar para a transformação e priorizar a qualidade da assistência
Por Editorial GesSaúde
O pagamento por serviço (fee-for-service) será um dos grandes desafios para todas as instituições de Saúde em 2019. A falência do modelo se deve, entre outros aspectos, à priorização do aumento da demanda por serviços de tratamento, como exames e cirurgias, em detrimento à qualidade da assistência prestada ao paciente. Além disso, essa forma de pagamento amplia as dificuldades de relacionamento entre operadoras e hospitais. Esse foi um dos temas mais discutidos no I Congresso Brasileiro de Maturidade de Gestão na Saúde, que aconteceu em dezembro de 2018.
O fee-for-service incentiva uma assistência na qual a prioridade é o número de serviços de Saúde, e não o estímulo à qualidade de vida do paciente. O principal motivo de o sistema de Saúde ainda alimentar o pagamento por serviço está na cultura das gestões das organizações e operadoras. O foco é a doença e não a prevenção de suas causas.
Modelos como capitation, bundled service, pagamento por performance, entre outros, já estão em aplicação em países como os Estados Unidos e também na Europa. No Brasil, um modelo inovador foi criado pela Federação Baiana de Saúde (Febase), o captation reverso. A gestão hospitalar no País, porém, ainda carece de maturidade para se distanciar do pagamento por serviço, porque aliar custos e qualidade não é tarefa simples – mas é possível e necessária.
Crise
Um fator que também deve ser levado em consideração é que cada vez mais os clientes estão migrando do sistema privado para o Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2017, por exemplo, a crise financeira e a alta no desemprego foram responsáveis pelo descredenciamento de quase 3 milhões de beneficiários da Saúde Suplementar. Com a expectativa de melhoria na economia, é preciso reinventar o serviço privado, de forma a atrair novamente o paciente.
Mesmo que as operadoras de Saúde ainda operem prioritariamente pelo fee-for-service, o desgaste com métricas de compliance, auditorias e barreiras contratuais já está fragilizando o modelo para essas empresas – que se veem às voltas com um custo assistencial insustentável. Essa transformação deve ser seguida pela gestão hospitalar, que deve iniciar o preparo e engajamento das equipes para a mudança, a fim de garantir a sustentabilidade de todo o modelo de Saúde Suplementar no futuro.
O fee-for-service será marginalizado pelo mercado e as organizações que não estiverem preparadas para essa transformação correm o risco de ver seu negócio desabar. Com clientes com poder de informação cada vez maior, em uma possível mudança no cenário econômico, os hospitais que trabalham em prol da doença estarão no fim da lista de opções para contratação.
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