Especialista analista que o setor está focado no tratamento de doenças e não em como evitá-las
Por Editorial GesSaúde
Em recente artigo da Tech Crunch, foi apontado que o Brasil tem o sétimo maior mercado de Saúde do mundo, movimentando, só no setor privado, US$ 42 bilhões por ano. O texto, assinado por um dos sócios da Redpoint Eventures, um dos maiores ventures capital e é sustentado pelo estudo da Liga Ventures. Porém, conforme o levantamento, cerca US$ 18 bilhões foram perdidos em ineficiências nos últimos cinco anos. Esses dados comprovam a realidade de que as organizações de Saúde nacionais carecem de mudanças da forma de gestão. O setor ainda opera com foco em uma estrutura vertical com baixa integração entre as áreas e focado na atividade, não em processos.
Na avaliação da analista de sistemas e administradora hospitalar, Iza dos Santos, a gestão de muitos hospitais necessita de melhor estruturação nos processos, além de engajar e capacitar colaboradores para a compreensão e execução das tarefas. “A maioria dos hospitais que conheci no Brasil, trabalha de forma vertical e engessada, com um organograma repleto de caixinhas, com dificuldade de tomada de decisões e com gestão muito amadora. As pessoas não conversam, fingem entender de processos e continuam exercendo seu papel desagregador. Raros são os que têm uma organização horizontal pautada nos processos. A maioria ainda trabalha com feudos e, esse modelo, tende a complicar ainda mais a administração do negócio e aumentar o desperdício, já que é muito difícil de gerir”, avaliou.
Com um cenário mercadológico incerto para os próximos anos, a preocupação com a qualidade dos serviços de Saúde deve ser uma das principais pautas dos gestores já em 2019. O relatório Delivering Quality Health Services – um imperativo global para cobertura universal de Saúde, divulgado em julho pela ONS (Organização das Nações Unidas), apontou que diagnósticos imprecisos, erros de medicação, tratamento inadequado ou desnecessário, instalações ou práticas clínicas inadequadas, entre outras falhas de gestão, são comuns em muitos países.
No Brasil, Iza avalia que o setor necessita de amadurecimento, o que compete não apenas às empresas de Saúde, mas também às instituições de ensino. “As organizações de saúde ainda trabalham com o modelo tratar a doença e não preveni-la, gerando custos e pouca resolutividade. É preciso que se reconheça que tratar o cidadão não é o melhor; o benefício está em evitar que o cidadão chegue em condições limítrofes que prejudicam a sua saúde e encarecem o sistema. As universidades não preparam os profissionais de Saúde para um diagnóstico precoce, colocando em risco o estado de saúde do indivíduo e fazendo com que o sistema pague muito mais do que deveria para manter a saúde do cidadão”, ressaltou.
Análise mercadológica e as falhas do setor serão alguns dos temas que serão tratados no I Congresso de Maturidade de Gestão em Saúde, que acontece dia 1º de dezembro em São Paulo.
Para mais informações e inscrições, clique aqui e acesse o site do congresso.
Saiba mais:
Modelos de remuneração alternativos geram mais valor para organizações de Saúde
Agilidade e inovação na gestão de Saúde
De quem é a culpa da superlotação nos serviços de urgência e emergência