Integrar fluxos e manter processos horizontais no atendimento são estratégias que fornecem qualidade do atendimento e aumento da segurança do paciente
Priscilla Martins*
As linhas de cuidados servem para organizar a rede de atenção à Saúde por meio da articulação dos pontos de atenção que estruturam a assistência ao paciente como um todo, direcionando desde o primeiro ao último atendimento recebido. Desta maneira, trabalhamos com linhas de cuidado não apenas entre as referências e contra referências dos níveis de atenção à Saúde (como a linha de cuidado ao paciente idoso), mas também organizando as estruturas hospitalares, como por exemplo a linha de cuidados ao paciente politraumatizado.
O sistema de referência e contra referência é definido como a articulação entre os níveis de atenção à saúde, primário, secundário e terciário. A referência trata-se do fluxo de encaminhamento do paciente do menor nível de complexidade para o maior. O inverso desse fluxo é preconizado como contra referência
Para que a utilização das linhas de cuidado seja uma estratégia que gere melhoria na qualidade do atendimento e segurança do paciente, além de reduzir custos hospitalares, é necessário a integração dos fluxos e processos horizontais e de todos os recursos disponíveis voltados para promover a realização do cuidado, conforme preconizado pela gestão do serviço e que possibilite a continuidade do cuidado. As conexões entre os pontos de transferências do cuidado precisam ser seguras e monitoradas para que ocorram o menor número possível de gaps assistenciais através dos protocolos de atenção.
Portanto, as linhas de cuidados no ambiente hospitalar necessitam de uma equipe ou um líder de referência que possa orientar as ações, garantir as conexões entre as áreas onde o paciente será atendido e realizar o gerenciamento da linha de cuidados através dos processos e protocolos clínicos e gerenciais.
O líder deve considerar quais são os fatores de sucesso importantes para a implantação efetiva das linhas de cuidados e orientar os liderados sobre quais são os propósitos da organização de Saúde. Assim, após a avaliação e entendimento do cenário atual, as mudanças necessárias sejam propostas no atendimento, pois será com a estipulação de padrões de atendimento que os serviços de Saúde conseguirão a longo prazo atingir resultados como ganho de tempo e redução dos custos operacionais.
A gestão da Saúde está passando por inúmeros desafios. A formação e retenção de líderes é essencial para o enfrentamento das barreiras intrínsecas ao setor. E investir na qualificação e motivação profissional pode gerar valor tanto à prática do serviço de atendimento, quanto na promoção de estratégias de reconhecimento dos profissionais de liderança. Alinhar BackOffice e área assistencial, integrando processos e equipes, é um dos primeiros passos para oferecer o melhor atendimento ao paciente. Contudo, dentro de uma organização de Saúde é imprescindível o trabalho das pessoas e o líder é a primeira linha de frente para se conquistar engajamento e motivação dos colaboradores.
*Priscilla Martins é enfermeira, especialista na área assistencial e consultora da GesSaúde. É classificadora de risco pelo protocolo de Manchester; especialista em enfermagem com ênfase em nefrologia e pós graduada em Gerenciamento de projetos.
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