Especialistas explicam, contudo, que organizações de Saúde não estão preparadas para a ultravelocidade
Por Editorial GesSaúde
Estados Unidos e Coréia do Sul são os primeiros países a aplicarem a cobertura 5G de internet. Após o anúncio das nações o mercado externo foi aquecido pelas possibilidades que a ultravelocidade vai proporcionar à operações e a transformação do relacionamento com clientes. Na Saúde, especialistas explicam que algumas das vantagens do 5G serão sentidas diretamente na assistência. Contudo, ainda na avaliação dos entrevistados, no Brasil as organizações de Saúde ainda não estão preparadas para utilizar ao máximo a nova velocidade de tráfego.
De acordo com o médico e coordenador do curso de medicina do campus São Paulo da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), Fernando Teles de Arruda, a ultravelocidade vai permitir o monitoramento em tempo real do paciente, além de estreitar a relação com o médico de forma remota. “Junto com IOT (internet of things – internet das coisas) e o monitoramento em tempo real, a cobertura 5G representa um conjunto de articulações que tem uma perspectiva mais segura e com menos potencial de falha. Isso já é realidade em alguns países”, explicou o especialista.
A telemedicina, que ainda está em fase de regulamentação pelo Conselho Federal de Medicina, também é apontada como avanço disruptivo na Saúde com a chegada do 5G. Mesmo assim, hospitais e operadoras do País estão vivenciando a primeira fase da tecnologia digital, como explica Arruda. “O desenvolvimento tecnológico e da telemedicina teve grandes avanços no exterior, porém, no Brasil o cenário é diferente. Aqui tivemos um atraso desse desenvolvimento das práticas remotas. Hoje se o 5G chegar, o setor não estaria pronto para utilizar ao máximo essa cobertura, pois as organizações de Saúde não desenvolveram a utilização da IOT, os sistemas são fragmentados, e a leitura de telemedicina ainda é muito retrógrada, ainda da década de 1990”, avaliou o médico.
Para o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em tecnologia e inovação, Arthur Igreja, as grandes capitais do País podem receber a cobertura 5G ainda este ano. “O Brasil se atrasou muito por conta das frequências. O 5G é tão importante para a Saúde como para carros autônomos. Não é possível fazer aplicações com muitos dados conectados com softwares poderosos de forma remota. Por isso, no setor o impacto será para cirurgias com robôs e o desenvolvimento da telemedicina. O 5G vai aumentar a qualidade de áudio e vídeo, principalmente para smartphones, possibilitando a transmissão com alta qualidade e até mesmo o envio de resultados de exames. Vai impactar no relacionamento: o médico terá de outras competências, terá que se adaptar a essa tecnologia”, disse.
Humanização da Saúde
Os especialistas concordam que a principal transformação que o 5G causará para a Saúde será a humanização do atendimento. “O 5G vai proporcionar o barateamento e o aumento da velocidade e qualidade para o atendimento, sem falar na humanização, pois não há nada de humano ficar esperando por horas para poder falar com um médico que trabalha em um sistema arcaico e ineficiente”, comentou o Arthur Igreja. “Muitas pessoas acham que a telemedicina vai tornar a Saúde meno humana. Existe um outro lado para essa questão. Com o monitoramento remoto em tempo real, será possível orientar o paciente para alterar a dosagem do medicamento para evitar um AVC, por exemplo”, exemplificou Arruda.
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