Gestão Hospitalar

Clínicas populares e novas formas de acesso à Saúde aumentam no País

Para especialista, atendimento básico é facilitado por iniciativas praticadas no mercado, que não devem ser vistas como concorrentes dos hospitais

Por Editorial GesSaúde

As clínicas populares ganham espaço no mercado nacional de Saúde. Além do atendimento primário, esses players inovam e oferecem diversos tipos de serviços para os clientes, por exemplo, de estética em conjunto com a clínica médica. Apesar de alguns gestores hospitalares não verem com bons olhos esse avanço, especialistas garantem que essas novas formas de acesso à Saúde não devem prejudicar as organizações tradicionais, já que o foco destas últimas é a média e alta complexidade.

É o que opina Mauricio Hirai, diretor da VidaClass, empresa responsável por criar uma plataforma on-line com acesso a múltiplos serviços do setor. Em entrevista exclusiva ao Portal GesSaúde, o executivo descreve o cenário mercadológico no qual as clínicas populares estão inseridas e aborda outros pontos sobre esse modelo de negócio. Leia na íntegra:

Editorial GesSaúde: Nos últimos anos as clínicas populares ganharam espaço no mercado de Saúde. Na sua opinião, por quais motivos esse modelo de negócio (tipo Doutor Consulta) está se destacando no mercado?

Mauricio Hirai: As clínicas populares são uma iniciativa que vem se destacando pelo fato de abreviar o primeiro atendimento, ou atendimento básico de saúde, que é o maior problema do SUS (Sistema Único de Saúde). Dependendo da especialidade, uma simples consulta pode levar até seis meses para ser realizada em um posto de atendimento de Saúde Pública.

Editorial GesSaúde: Como o senhor qualifica o acesso à Saúde privada no País?

Mauricio Hirai: Precário. E não é só pela falta de recursos, mas também pela falta de meios de pagamento que facilitam esse acesso. Foi com essa visão que montamos a nossa plataforma.

Editorial GesSaúde: Recentemente o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou a teleconsulta e outros procedimentos online no País. Isso pode favorecer o surgimento de novas clínicas ou outros tipos de acesso à Saúde?

Mauricio Hirai: Na realidade, a telemedicina é uma nova forma de acesso. Mas essa questão ainda não está bem definida no meio médico, uma vez que, por exemplo, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo se posicionou contra o CFM. Mas, sem dúvida, será uma nova forma para quem tem dificuldades de acesso encontrar uma saída para a sua necessidade.

Editorial GesSaúde: Os modelos de negócios tradicionais dos hospitais podem perder mercado para as clínicas populares? Se sim, o que falta para a gestão dessas organizações não ficarem para trás?

Mauricio Hirai: Não vemos assim. As clínicas populares fazem tão somente o primeiro atendimento, que não é o ‘core’ dos hospitais. A média e alta complexidades continuarão a ser feitas, para sempre, em hospitais gerais ou especializados. A bem da verdade, iniciativas como as clínicas populares e/ou plataformas como a nossa serão alimentadores dos fluxos de pacientes hospitalares.

Editorial GesSaúde: A relação operadora/hospital favorece que outros players cheguem ao mercado para atender a demanda?

Mauricio Hirai: Sem dúvida. O que o setor chama de relação operadora/hospital, nós chamamos de equação financeira insolúvel. As operadoras dependem de novos entrantes que estejam dispostos a pagar os altos preços cobrados pelas mensalidades. Os hospitais, por sua vez, tem de praticar reajustes para seus procedimentos – e cobrá-los das operadoras. Com o envelhecimento da população, a inflação médica anual, que é há mais de 10 anos o dobro da inflação oficial, e a incorporação de novas tecnologias médicas de alto custo, a equação está cada vez mais difícil de fechar. Assim, novas ideias, baseadas fundamentalmente em soluções de economia compartilhada, irão surgir e abarcar fatias de mercado cada vez maiores. Na nossa visão, esse caminho é irreversível e ainda há muito espaço para novas iniciativas.

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