Decisões clínicas são tomadas por diferentes personagens, mas devem estar alinhadas para garantir qualidade da assistência
Por Eleonora Sertorio*
Em cada encontro, as decisões clínicas representam uma combinação balanceada de preferências do paciente, evidências e a experiência do clínico. Estas decisões individuais contribuem muitas vezes para a ocorrência de variabilidade do cuidado, que pode acontecer até mesmo no cuidado dentro de uma mesma região, população ou condição particular. Além disso, na medida em que as equipes de cuidados têm se expandido, as decisões clínicas são tomadas por diferentes personagens, introduzindo o risco de um desalinhamento das decisões. Dentro desse contexto, a harmonização das informações clínicas faz todo sentido.
Feedbacks de CMOs e CMIOs de grandes sistemas de saúde reforçam a necessidade estratégica de se reduzir a variabilidade do cuidado não desejada, não somente por que isto otimiza o cuidado com o paciente, mas também por que reduz custos e desperdícios.
Esse fenômeno vivido pela maioria dos países, que apresentam uma discrepância que pode variar entre duas a vinte vezes na qualidade dos cuidados para as mesmas condições, em função de localização e outras variáveis, está em discussão há pelo menos 40 anos. Mesmo assim, em âmbito global, os números são espantosos.
É por isso que a harmonização das informações clínicas é tão importante – tanto no cuidado quanto em relação a conteúdos. E ela pode ser alcançada por meio do empoderamento de enfermeiras, médicos, farmacêuticos e de toda a equipe de cuidados como um todo. Ao harmonizar suas decisões, os profissionais passam a ter como resultado um melhor cuidado para o paciente e efetividade clínica ampliada.
Mas, como harmonizar o cuidado? Para combater a variabilidade algumas organizações estão elaborando guidelines para padronizar o cuidado, elaborados por comitês clínicos multidisciplinares. No entanto, rapidamente torna-se um desafio manter estes guias atualizados e promover a sua adoção no ponto de cuidado. E é neste sentido que entram as soluções de suporte à decisão clínica, que possuem papel crítico não somente na redução de erros, mas também na diminuição desta variabilidade do cuidado.
Os profissionais médicos que fazem uso desse tipo de solução são mais propensos a tomar decisões mais consistentes, padronizando o cuidado e incrementando resultados. Além disso, um médico ter todos os detalhes em uma única solução, podendo acessar informações pertinentes a cada paciente sem que isso afete seu fluxo de trabalho, ao abrir diferentes telas, por exemplo, poupa horas desse profissional, que pode dedicar mais do seu tempo à investigação e tomar as decisões corretas relacionadas ao quadro do paciente.
Embora reduzir a variabilidade do cuidado em um nível de população não seja algo simples, harmonizar as decisões tomadas pelas equipes de cuidados e por seus pacientes é crucial. As potencialidades da tecnologia já demonstram a sua capacidade de reduzir substancialmente erros de diagnóstico e melhorar os resultados do paciente. Olhando para frente, com novos recursos de suporte à decisão clínica, empregando inclusive inteligência artificial, e equipes de cuidados mais intimamente alinhadas, estaremos mais perto de eliminar as lacunas existentes nos cuidados, de forma que os pacientes tenham uma experiência de cuidado com a saúde mais consistente e efetiva.
*Eleonora Sertorio é gerente de marketing da Wolters Kluwer Health, líder mundial no fornecimento de soluções e informações para o momento de cuidados ao paciente para a indústria de saúde.