Gestão de Pessoas

Gestão de pessoas: como evoluir as lideranças do hospital

São necessários profissionais capazes de unir os cinco pontos essenciais para a gestão madura: governança corporativa, estratégia empresarial, tecnologias de gestão, gerenciamento de processos e, por fim, uma das mais importante, a gestão de pessoas

por Roberto Gordilho

Hospitais são organizações complexas e multifacetadas, envolvendo profissionais dos mais diversos níveis de formação e de variadas profissões, que atuam de forma multidisciplinar para prestar atendimento ao paciente com qualidade e segurança. Para gerir esses colaboradores, são necessários líderes preparados, capazes de conduzir a organização a alcançar as metas e objetivos definidos.

Seleção de profissionais como ferramenta estratégica para a maturidade de gestão hospitalar

Um bom líder desenvolve sua equipe. Mas é importante frisar que, atualmente, com toda a dinâmica e evolução que vivenciamos, 20% da formação de um colaborador, quando muito, é garantida pela organização e os outros 80% são de responsabilidade do profissional. É preciso dedicação e tempo para desenvolvimento. A boa notícia é que todos podem chegar lá.

A evolução da maturidade de gestão hospitalar passa pela evolução dos líderes – uma coisa não acontece sem a outra. São necessários profissionais capazes de unir os cinco pontos essenciais para a gestão madura: governança corporativa, estratégia empresarial, tecnologias de gestão, gerenciamento de processos e, por fim, mas não menos importante, a gestão de pessoas.

Claro que nem todos estão preparados e haverá os resistentes, como no mito da caverna de Platão. Nessa alegoria, uma das mais importantes da filosofia, um grupo de pessoas vive “acorrentado” e confinado em uma caverna desde o nascimento, onde só  enxerga uma parede, na qual vê sombras de estátuas de plantas, animais e homens, graças à iluminação que parte de uma fogueira. No momento em que um desses prisioneiros se liberta e alcança o mundo exterior, descobre cores, luz, formas e experimenta a nitidez. Ele entra em contato com a realidade. Ele retorna e tenta incentivar os demais a saírem do “cativeiro”, porém, alguns estão tão acostumados a enxergar só as sombras que têm medo de encarar o novo.

Soltar-se das correntes requer coragem, dedicação e metodologias. Devemos buscar motivar e estimular a nós e toda a equipe para evoluir e alcançar resultados cada vez melhores. Tenho algumas sugestões para compartilhar:

  • Traga segurança para a equipe: estude e entenda o funcionamento do hospital, suas necessidades e complexidades, esteja em contato com profissionais do mercado e nunca pare de se atualizar. Informação traz segurança para a equipe, que sabe que tem um gestor que conhece o trabalho a ser desempenhado e que, por isso mesmo, pode seguir sua liderança.
  • Faça acontecer: não basta querer que as metas sejam alcançadas. Eu posso querer alguma coisa e deitar em uma rede. Fazer acontecer é a diferença entre inércia e sucesso. É a mesma disparidade entre criatividade e inovação. A primeira é ter uma ideia. A segunda, colocá-la em prática.
  • Comunique as expectativas: comunicação é a chave para a evolução da maturidade do líder e do hospital. Metas e objetivos devem estar claros para toda a equipe,  que também deve saber como proceder para alcançar os resultados esperados pelos gestores.
  • Desafie a equipe a pensar: estimule as lideranças a pensar por si mesmas e propor soluções para os desafios do dia a dia. Saiba que bons líderes trocam ideias, aceitam sugestões e confiam em seus colaboradores.
  • Seja responsável com os colaboradores: líderes de sucesso devem se concentrar nos resultados do grupo sem, no entanto, ser controlador. É preciso estar aberto ao diálogo e às críticas, mas deixar clara a responsabilidade pelos resultados obtidos, sejam eles positivos ou negativos.
  • Lidere pelo exemplo: líderes que são vistos como exemplos pelos seus colaboradores são mais eficientes. É preciso praticar aquilo que se prega.
  • Recompense desempenhos: e aqui não falo somente de recompensa financeira. Líderes que não elogiam a equipe pelo bom desempenho não demonstram confiança e não conseguem estimular funcionários, portanto, não alcançam resultados de forma continuada e consistente.
  • Forneça feedback: não deixe o feedback somente para o momento da avaliação de desempenho. Forneça-o cotidianamente, como parte das orientações necessárias para o desempenho de cada atividade.
  • Incentive talentos: conheça os talentos de sua equipe e saiba como utilizá-los para lidar com situações específicas e, assim, otimizar os processos.
  • Faça perguntas e peça conselhos: incentive seus colaboradores a participarem dos processos de decisão. Muitas vezes boas ideias para solucionar desafios vêm de onde menos se espera.
  • Resolva problemas: a habilidade de solucionar problemas e enfrentar situações desagradáveis de frente é essencial para o bom líder, que sabe que precisará lidar cotidianamente com os desafios da gestão hospitalar.
  • Crie positividade: profissionais precisam de uma cultura de trabalho positiva. A atmosfera agradável entre as equipes e suas lideranças  aumenta a força de vontade.
  • Seja bom professor: para ser um bom líder, é preciso saber que o professor não é somente aquele que ensina, mas aquele que orienta no caminho do aprendizado.
  • Invista em relacionamento: o sucesso do líder depende do sucesso de sua equipe. Manter o bom relacionamento, sem impor dominância, mas atuando de forma a fornecer essa sensação de trabalho em equipe, é o que caracteriza uma boa liderança.
  • Saiba a influência que possui: os verdadeiros líderes gostam de liderar não por causa do poder, mas sim porque sabem que podem influenciar pessoas e, assim, fazê-las amadurecer. Esses são os verdadeiros líderes.

Evoluir as lideranças do hospital é possível, desde que haja entendimento de que esse processo se dá ao mesmo tempo que a evolução da maturidade de gestão, assim como é essencial para alcançá-la. Contar com estratégias, governança, tecnologias e gerenciamento de processos facilita a gestão de pessoas, pois há regras a serem seguidas para que se alcancem os resultados esperados.

É papel pessoal de cada colaborador sair da caverna de Platão e aceitar o novo. Quem não aceita não evolui – e quem não evolui, bem… não evolui.

Roberto Gordilho é fundador da GesSaúde, mestrando em administração, especialista em sistemas de informação, engenharia de software, desenvolvimento web e em finanças, contabilidade e auditoria, possui mais de 30 anos de experiência nas áreas de tecnologia e gestão, sendo 15 na área da Saúde.

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Foto: Depositphotos

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