Historicamente a cultura de inovação está ligada ao empreendedorismo de sucesso e equilíbrio econômico das organizações
Por Roberto Gordilho
Inovação na Saúde, como em qualquer outro negócio, é um assunto amplamente debatido e que está na visão estratégica de muitos profissionais focados no crescimento sustentável. Contudo, essa é uma questão que começou a dominar o mundo dos negócios muito antes de as mais recentes transformações serem pensadas como tendências. Na verdade, a cultura de inovação é um mindset construído desde o início do século 1900. As primeiras contribuições vieram do pensamento acadêmico, que ganhou força dentro da indústria com estratégias de reconhecimento e empoderamento dos colaboradores.
O economista Joseph Alois Schumpeter foi um dos primeiros teóricos a estudar sistematicamente a relação entre inovação e crescimento econômico sustentável. Ele nasceu em 1883 no Império Autro-Húngaro e cursou Direito na Universidade de Viena, em 1901. Após passar por um período desafiador pelo banco privado Bidermann Bank, da Áustria, Schumpeter deixa a Europa no início do período nazista. Assumiu a docência em Harvard a partir de 1932 e tem contato com os pensamentos mais atuais da época sobre economia, matemática e sociologia – essas três áreas do conhecimento, inclusive, fizeram parte da Sociedade Econométrica, fundada pelo próprio economista.
Para Schumpeter, a inovação pode acontecer por meio de frentes distintas de empreendedorismo. Por exemplo:
- O surgimento de uma nova matéria-prima;
- Introdução de um novo produto ou conceito no mercado;
- Novo modelo de comercialização de produtos e serviços;
- Ou a quebra de um monopólio.
Pensamento de inovação
Para compreender como a inovação é importante no cenário atual, é importante ter uma visão clara de como ela transformou o mercado ao longo dos séculos. Ainda conforme os estudos de Schumpeter, o ingresso da inovação acontece com a criação da primeira indústria, ainda nos primórdios da Revolução Industrial.
- Primeira onda – 1785: o marco aconteceu com o surgimento da primeira fábrica têxtil no Reino Unido;
- Segunda onda – 1845: a inovação aqui se estabeleceu com a expansão das malhas ferroviárias e a consequente transformação na composição estrutural e social das cidades;
- Terceira onda – 1900: o modelo de linha de produção pelo método de Henry Ford transcreveu a necessidade urgente de velocidade e otimização dos processos industriais daquela época;
- Quarta onda – 1950: fortemente impulsionada pela 2º Guerra Mundial, a aviação ganha escala global e se torna uma das principais inovações tanto no modelo logístico, quanto no pensamento da gestão dos negócios da segunda metade do século 20;
- Quinta onda – 1990: a globalização ganha forma com a ampliação do acesso à internet, causando fortes mudanças em todos os setores da economia;
Sexta onda: cultura de inovação
Muitos estudiosos da atualidade descrevem os avanços tecnológicos do século 21 como responsáveis pela sexta onda de inovação. Com o acirramento da concorrência e os clientes apresentando novos perfis de consumo e necessidade de interação personalizada com as organizações, a cultura de inovação ganha forma e começa a adentrar nos mais diversos modelos de negócio.
A cultura de inovação não é uma estratégia formal e engessada. Trata-se muito mais da mudança de mindset, um pilar fundamental para liderar a transformação no mercado e criar práticas de operação, produtos, serviços e fontes de receita. Schumpeter propunha que a inovação deveria surgir exclusivamente do empreendedor e, como efeito cascata, teria continuidade com a ação de executivos de outros negócios. Contudo, atualmente essa visão cultural deve estar presente do modo de pensar de todos que fazem parte de uma organização. Por isso, é essencial que gestores e líderes promovam o compartilhamento desse mindset.
Apesar de não existir uma fórmula única para implantar a cultura de inovação em um negócio, alguns fatores são de grande importância para que a transformação aconteça:
- Ambiente aberto às novas ideias: gestores e líderes devem criar um ambiente que permita que as pessoas possam inovar tanto na forma operacional de entrega de resultados, quando em inovações que beneficiem diretamente o cliente – e, portanto, todo o negócio;
- Conhecimento: para que a integração e engajamento das equipes com a cultura de inovação aconteça, é essencial investir em estratégias de aprimoramento, como treinamentos, cursos, workshops e imersões. O fundamento por trás desse passo é a aposta na ampliação e compartilhamento do conhecimento;
- Intraempreendedorismo: esse conceito consiste em criar oportunidades para que os colaboradores promovam o empreendedorismo dentro da organização. Com apoio da gestão do negócio, as pessoas podem criar novos produtos, serviços e formas de interação com os clientes;
- Conheça seu público: não importa qual o modelo de negócio, atender bem o cliente, suas dores e formas de interação fazem parte do rol de objetivos de qualquer organização. Portanto, é imprescindível que a gestão conheça seu público e, assim, inovar em prol de suas necessidades e diferentes perfis.
A cultura de inovação traz diversos benefícios tanto para o negócio como um todo, quanto para cada membro das equipes. Isso porque, estimular a criatividade implica em desenvolver habilidades, melhorar processos e encontrar novas formas de se destacar no mercado. Assim, o pensamento inovador promove muito mais que sustentabilidade. É a forma mais dinâmica de manter o negócio atualizado quanto às novas demandas do mercado.