Especialista ressalta que o uso da tecnologia e a comunicação virtual já são usados em diversos países
Por Editorial GesSaúde
O Governo do Estado de São Paulo criou uma nova forma de atendimento aos pacientes do sistema público de Saúde. O projeto Multisaúde prevê teleconsulta e coleta de imagens de alterações na pele de cada paciente, além de outros aspectos clínicos. Em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein, todos os dados serão avaliados por especialistas por meio de um aplicativo criado pelo poder público. O objetivo é reduzir o tempo de espera e tratamento em casos de câncer de pele. Mesmo que o Conselho Federal de Medicina ainda não tenha regulamentado a telemedicina em sua amplitude, essa iniciativa mostra que a tecnologia está transformando o setor de forma disruptiva.
“Hoje já é frequente o trabalho remoto de radiologistas que laudam os exames bem distante de onde estão. Outro exemplo são médicos cardiologistas que emitem exames como holter e eletrocardiograma e são responsáveis pelo atendimento em áreas a quilômetros de distâncias de onde estão fisicamente presentes. Tendo ultravelocidade provavelmente esse trabalho só vai se tornar mais rápido. Mas além disso, será possível fazer imagens em tempo real, de vídeo ou quem sabe de ultrassonografia, podendo otimizar as especialidades”, prevê o médico e gerente de informática médica da consultoria Folks, Leandro Costa Miranda.
O setor já possui players que operam o negócio com o auxílio de soluções digitais. Porém, muitos hospitais ainda enfrentam a falta de informação quando o assunto é investir em transformação digital. Na avaliação de especialistas, em breve as organizações de Saúde não poderão deixar de utilizar recursos como equipamentos de monitoramento em tempo real, teleconsultas e inteligência artificial, por exemplo. “Entretanto, devemos lembrar que para a nossa cultura o toque ainda é muito importante e por isso dificilmente os profissionais de saúde, entre eles os médicos, deixaram de ter um espaço exclusivo, o consultório, onde podem fazer suas consultas com os pacientes. O que vai acontecer é a redução de consultas nesses consultórios e um aumento em consultas a distância, em especial nos pacientes crônicos”, avaliou Miranda.
O médico ressalta que em diversos países o sistema de atendimento virtual é uma realidade aplicada pelas organizações de Saúde. “O Conselho Federal de Medicina fez um papel importante em tentar regularizar a telemedicina e está trabalhando nisso, olhando no dia a dia. Isso não foi algo que partiu exclusivamente do Conselho, mas ele claramente percebeu que os pacientes pediam essa necessidade ao solicitar aos médicos a ajuda via whatsapp. Percebeu também que outros conselhos, como o de Psicologia, já autorizavam teleconsultas. E olhou o que acontecia ao redor do mundo, como no Estados Unidos é frequente avaliações de pacientes no pós-alta via chat, na Europa é essencial o tratamento pré-hospitalar de AVC a equipe de telestroke”, comentou.
Multisaúde
A iniciativa de São Paulo está em fase piloto, focada para aproximadamente 10 cidades do interior do estado. Contudo, a meta anunciada é expandir a estratégia para demais municípios. Oficialmente, o poder estadual informou que o Multisaúde foi implantado para fornecer rapidez diagnóstica e reduzir encaminhamentos e consultas desnecessárias. “O objetivo é oferecer maior conforto a pacientes e médicos, já que reduzirá eventuais deslocamentos para atendimento presencial”, informou o governo em nota à imprensa.
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