Seguir protocolos e formar uma equipe multidisciplinar específica, fazem parte das estratégias para ampliar a qualidade do atendimento aos pacientes
Por Priscilla Martins*
A melhoria na qualidade dos serviços é uma busca constante das organizações de Saúde. Os desafios vão desde a redução do tempo de espera pelo atendimento até a minimização dos riscos de complicação. Um dos indicadores de qualidade assistencial é redução da taxa de mortalidade hospitalar. Para isso, segundo a ótica dos processos de acreditação, uma das estratégias voltadas para a segurança do paciente é a implantação dos Times de Resposta Rápida (TRR).
O Time de Resposta Rápida é acionado conforme o protocolo institucional para a avaliação e atendimento de pacientes em casos de deterioração em relação a qualquer alteração ou desequilíbrio agudo e uma consequente Parada Cardiorrespiratória (PCR). Os critérios utilizados para o acionamento do TRR nas unidades são frequentemente denominados como código azul e código amarelo.
- Código Azul: Para este acionamento o paciente encontra-se em situação PCR. O ideal é que a equipe assistencial local inicie as manobras até a chegada do TRR, que irá conduz a assistência terapêutica e liderar os membros do atendimento para a realização da assistência necessária.
- Código Amarelo: O acionamento é feito após o time de enfermagem avaliar o paciente e identificar que o mesmo possui critérios de deterioração, ou se enquadra nos scores estabelecidos pelo protocolo de acionamento do TRR.
Além de realizar o atendimento ao paciente em menor tempo possível após o acionamento, é importante que o TRR possua documentações adequadas para realizar o registro específico do atendimento realizado. Essa é uma estratégia fundamental para que após a estabilização do paciente e definição da conduta clínica, seja possível a realização da continuidade do cuidado pelas demais equipes assistenciais.
É importante que a instituição como um todo entenda e participe do protocolo de acionamento do TRR para evitar conflitos de papéis, demora na realização dos procedimentos, utilização de materiais desnecessários – evitando assim gastos excessivos e atendimentos ineficientes.
Para que o protocolo de TRR funcione adequadamente é importante que a instituição redobre a atenção em alguns pontos:
- A política institucional deve ser bem difundida entre os colaboradores;
- Estabelecer os critérios de avaliação de deterioração do paciente e capacitar os colaboradores para realizar a avaliação correta do paciente;
- Estabelecer os fluxos de deslocamento para o TRR e as metas de tempo para o início do atendimento após deslocamento;
- Orientar todas as equipes que em caso de acionamento do TRR os pacientes que estavam sob os cuidados dos membros do TRR deverão ser atendidos pelos demais membros da equipe;
- Possuir mecanismos de avaliação da qualidade da assistência prestada pelo TRR para avaliação da qualidade dos atendimentos;
- Formar um TRR composto por equipe multiprofissional, sempre que possível com médico, enfermeiro e fisioterapeuta;
- Estabelecer as rotinas das equipes de apoio para transporte e transferência do paciente.
- Possuir um plano de contingência, conhecido por todos, em casos de falha no acionamento do TRR.
É importante que o TRR tenha como rotina a reunião de alinhamento, que deve ocorrer de forma recente em relação aos chamados atendidos. Este momento servirá para avaliar as situações que ocorreram, identificar pontos fortes e fracos, para promover melhor alinhamento e direcionamento das condutas do TRR, assim como discutir práticas para oferecer feedback formal às equipes locais que identificaram os sinais de deterioração do paciente, acionaram o TRR e auxiliaram nos procedimentos durante o atendimento ao paciente. Portanto, o protocolo do TRR deve fazer parte de um processo de melhoria contínua na instituição, sendo monitorado e aprimorado conforme as necessidades do serviço de Saúde, visto que os times de resposta rápida podem reduzir a ocorrência de PCR e consequentemente a taxa de mortalidade hospitalar, promovendo melhoria na qualidade da assistência presta.
*Priscilla Martins é enfermeira, especialista na área assistencial e consultora da GesSaúde. É classificadora de risco pelo protocolo de Manchester; especialista em enfermagem com ênfase em nefrologia e pós graduada em Gerenciamento de projetos.
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