Mudança de cultura organizacional demanda que gestores compreendam as áreas como um ecossistema na operação
Por Editorial GesSaúde
Segurança do paciente e qualidade dos serviços assistenciais são alguns dos principais objetivos das organizações de Saúde. Por isso, em muitas instituições a área assistencial tem maior atenção da gestão – uma prática tradicional no setor e que já está perdendo força por conta da baixa eficácia e impacto direto no faturamento. O processo de amadurecimento da gestão hospitalar exige uma visão global do negócio, considerando as equipes como parte de uma estrutura orgânica e interdependente. Para Mônica Bezerra, diretora administrativa do Hospital Santa Izabel, a Santa Casa da Bahia, essa estratégia organizacional é essencial para ampliar a eficiência e sustentabilidade do negócio.
A diretora administrativa utiliza o conceito de ecossistema para explicar como é a visão de gestão aplicada no Santa Izabel. “Aqui no hospital encaramos a atividade meio e assistencial como um time só, o mesmo ecossistema. Por muito tempo existiu nos hospitais uma desvalorização das atividades meio, como se elas estivessem tivessem uma medida estratégica menor. Isso tem mudado, pois hoje temos uma questão de eficiência operacional que está muito forte. Então, a rentabilidade, a expansão da receita estão muito ligadas à eficiência operacional. E nisso há uma contribuição grande das áreas meio, das áreas administrativas e de apoio. Tem de ter um trabalho muito aliado entre as áreas meio e assistencial, cada um contribuindo com o conhecimento na área em que atua. Todos têm um objetivo único, que é a segurança do paciente e qualidade assistencial, além da rentabilidade”, comentou.
A complexidade de um hospital como negócio exige uma mudança de mindset, em que não cabe mais a cultura de departamentalização e segregação gerencial das diversas áreas. Mônica cita três processos de alta interdependência que, de ponta a ponta, contribuem para a segurança do paciente e aumento da eficiência operacional:
- Logística: o planejamento de processos logísticos pode auxiliar na redução e otimização dos recursos dos hospitais e, para isso, conforme Mônica, um dos passos é ampliar a capacidade de operação aquisição e tratamento de dados, de forma instantânea para permitir tomada de decisões em tempo real.
- Faturamento: o hospital consegue faturar melhor quanto mais alinhadas estiverem as equipes de backoffice e assistencial. Isso porque é necessário conhecimento sobre tabelas, protocolos clínicos, de como é feito os lançamentos e o compromisso com as contas. Por exemplo, é preciso elaborar o melhor pacote para o paciente desde sua entrada até a conta fechada – diminuindo assim as glosas. Quem lança é a assistência, mas é o administrativo que organiza e elabora o processo.
- Atendimento ao cliente: a gestão tem de pensar nas melhores práticas para acolher tanto o paciente quanto o médico. É preciso pensar em quais são as expectativas do médico para com a organização de Saúde e em quais são as acomodações e estruturas para atender o paciente. Após o diagnóstico dentro do consultório ou no leito, o hospital tem de estar preparado para fornecer ao paciente as práticas assistenciais prescritas pelo médico. A experiência de ambos está interligada, mas o profissional sofre diretamente se houver percepção negativa do paciente.
Mudança cultural
Incutir nas equipes a percepção orgânica da operação exige um trabalho estratégico do setor de Recursos Humanos. Porém, conforme a diretora administrativa do Hospital Santa Izabel, essa cultura deve vir da alta gestão.”O RH tem um papel fundamental na formação das lideranças para elas compreendam essa cultura de interdependência. A forma como os hospitais praticavam gestão no passado não é viável no mundo atual. É preciso uma troca de mindset. Primeiro a alta gestão tem de se convencer da necessidade dessa mudança, alinha as estratégias para depois fornecer essa cultura organizacional para toda a instituição. É topdown”, salientou Mônica.
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