Historicamente, vêm contribuindo com a gestão para fornecer melhorias organizacionais como reduzir desperdícios, sistematizar e garantir equilíbrio da operação

Por Roberto Gordilho

Os processos de negócios são constituídos por um conjunto de atividades e rotinas direcionadas para entregar um produto, serviço ou valor para os clientes. Eles fazem parte do funcionamento de todas as áreas dentro de uma organização de Saúde. Não por isso, devem ser gerenciados de forma desconexa, ou seja, para que a operação aconteça de forma orgânica, cada processo deve ser executado tendo em vista as rotinas e ações dos processos adjacentes, formando uma conexão uníssona.

Para atender às transformações correntes, as indústrias adaptam e revisam periodicamente seus processos. As pessoas estão em constante capacitação e treinamentos, a fim de compreenderem as mudanças e usarem da melhor forma as tecnologias implantadas. Lideranças devem ser facilitadoras dessas fases e enxergar os processos de forma holística. Dessa forma, a entrega de um processo é satisfatória o suficiente para a continuidade do processo seguinte. 

Evolução

Historicamente, as transformações socioeconômicas impeliram os empreendimentos para uma preocupação constante: melhorar a produtividade e aumentar os resultados. Para tanto, era preciso entregar aos clientes produtos que eles desejam, na hora certa, preço justo e com redução de recursos e desperdícios durante a produção. Esse foi o pensamento que transformou os empreendimentos durante a Revolução Industrial (176-1840). Desde então, diversos conceitos foram agrupados no desenvolvimento dos processos de negócios. 

Ainda naquele período, a gestão das indústrias começou a ganhar contornos metodológicos com o surgimento do Taylorismo. Essa prática organizacional, criada nos Estados Unidos pelo engenheiro mecânico Frederick Taylor, em 1911, tem como base otimizar as rotinas de uma empresa por meio da organização e divisão do trabalho. É importante salientar que, em todas as etapas evolutivas dos processos de negócios, as pessoas são a chave para que os resultados aconteçam – a tecnologia sempre esteve como coadjuvante, otimizando as ações e responsabilidades dos colaboradores. 

No mesmo momento histórico, a operação das indústrias é otimizada pelo surgimento do Fordismo, conceito elaborado por Henry Ford. Dentro do pensamento de entregar produtos com redução de custos e desperdícios, o Fordismo ficou conhecido pela produção em massa, com linhas de montagem organizadas de forma que cada time ou funcionário era responsável por uma parte da linha produtiva. As vendas foram alavancadas pelo grande número de produtos entregues, com o menor tempo possível.

No pós-Segunda Guerra, a indústria japonesa Toyota ficou famosa pela filosofia “completa eliminação de todos os desperdícios”. Os pensadores desse conceito foram Eiji Toyoda e Taiichi Ohno. Aqui, ao contrário da produção em massa, as entregas são feitas por demanda e no tempo certo (just in-time) e com rigoroso sistema de controle de qualidade. Para tanto, as pessoas eram qualificadas e treinadas para atuar em diferentes etapas dos processos de produção. Além disso, a flexibilização da mecanização permitia que as indústrias tivessem um estoque mínimo, facilitando a gestão dessa área. 

O desenvolvimento histórico dos processos segue a latente necessidade de garantir sustentabilidade aos negócios, em detrimento da concorrência acirrada e consequente necessidade de inovação. É assim, portanto, que outros conceitos foram surgindo, como o Lean Manufacturing, Six Sigma e o Business Process Management (BPM, ou gestão de processos de negócios, traduzido do inglês), com enfoque ordenado da gestão e forte auxílio das novas tecnologias. 

Gestão por processos

Quando se fala em processos, é importante diferenciar conceitos como gestão por processos e gestão de processos. O primeiro refere-se ao negócio no qual a operação é toda baseada em processos que se somam organicamente para entregar um produto, valor ou serviço. Ao contrário do empirismo, na gestão por processos o gestor deve compreender quais as etapas importantes para a conclusão eficaz de um projeto, os insumos e ativos necessários para tanto, por exemplo:

• Objetivos: o primeiro passo dentro da gestão de processos é compreender os objetivos e metas a serem alcançados;
• Análise e definição dos processos: a etapa seguinte é elencar as etapas importantes para a entrega do resultado esperado ou meta a ser atingida. O gestor deve ter uma visão clara sobre quais são os fluxos de trabalho preponderantes e quais os desafios que devem ser avançados;
• Equipes e estratégias: aqui é preciso definir os times responsáveis por cada processo e delegar as atividades. Para isso, é importante ter uma estratégia clara, de acordo com cada meta e objetivo estipulado. 

Gestão de processos

Gestão de processos ou Gerenciamento de Processos de Negócios é definido como uma série de atitudes administrativas voltadas para acompanhar, medir, analisar e gerenciar as rotinas. O objetivo é otimizar continuamente os processos, reduzindo tempo, desperdícios e encontrando novas formas de entregar valor e atingir os objetivos traçados pela organização. 

Saúde

Dentro das organizações de Saúde, principalmente os hospitais, a adoção dos processos para otimizar a operação demorou mais para ter aderência pela gestão, em comparação ao que acontecia em outras indústrias. Pelo caráter assistencialista, com foco no restabelecimento da saúde dos indivíduos, as instituições não tinham necessidade de compreender as pessoas como clientes e suas necessidades como demandas do mercado. Porém, diversos fatores contribuíram para a mudança do mindset. 

Novas tecnologias permitiram a universalização das informações, ampliando a capacidade de escolha e tomada de decisão das pessoas. Custo-benefício e serviços que entregam bem-estar se tornaram prioridades. Em vista disso, a concorrência tem se tornado mais forte nas últimas décadas com a chegada de negócios inovadores e com valores que satisfazem os usuários, como as startups, por exemplo.

A empresarialização da Saúde faz com que as organizações tenham processos otimizados, com rotinas e atividade executadas por pessoas capacitadas e engajadas, tecnologia favorável à otimização e redução de custos, tudo isso para fornecer uma operação sustentável e favorável aos propósitos e missão da organização.

Ou seja, os processos são a base de tudo.