O metaverso irá potencializar serviços como a telemedicina e a cirurgia robótica, além de promover modelos de negócios disruptivos e altamente competitivos
Por Roberto Gordilho
Atualmente, o metaverso é considerado como a próxima fronteira da internet. E quando o assunto é revolução digital, ‘atualmente’ é uma expressão que mostra o quanto as transformações estão aceleradas: o que ontem foi uma novidade, amanhã (para não dizer hoje) se tornará obsoleto. Com o metaverso não é diferente: tão logo seu desenvolvimento foi apresentado ao mercado, diversas foram as possibilidades de usos demonstradas em todas as indústrias, inclusive na Saúde.
Em cirurgia robótica, telemedicina e até mesmo na gestão de pessoas, o metaverso poderá expandir os horizontes e permitir que profissionais e instituições do setor possam estar mais próximas dos clientes e de suas necessidades. Mas é preciso compreender que, por trás dessa inovação, existe uma conversão de novas tecnologias que vão permitir causar ainda mais transformações em toda a sociedade – e, claro, no mercado como um todo. Um exemplo disso é a velocidade 5G.
Acompanhar pacientes em tempo real, com monitoramento remoto de suas funções, são características possíveis de um serviço de telemedicina estruturado com boas ferramentas de tecnologia da informação. Porém, com o metaverso o cuidado poderá acontecer de maneira mais interativa, agregando e aproximando pacientes e profissionais de diversas áreas da Saúde. Com as novas gerações de velocidade de conexão, a latência é drasticamente reduzida, aumentando a confiabilidade das respostas e ampliando a segurança do paciente.
O metaverso é considerado o marco de virada para a internet 3.0. Entenda:
- Internet 1.0: são os primórdios da internet. Trata-se do período em que as empresas, como organizações de Saúde, mantinham páginas estáticas com informações básicas a respeito da atuação, endereço e horários de funcionamento. A interação entre clientes e instituição no mundo online era praticamente nula;
- Internet 2.0: aqui o universo online é pautado pelas redes sociais e as primeiras plataformas de comunicação. As pessoas interagem, principalmente, por meio de dispositivos móveis, como smartphones e tablets.
- Internet 3.0: as possibilidades imersivas aqui são quase infinitas. Tecnologias como realidade virtual, aumentada e mista são somadas a dispositivos vestíveis para transportar pessoas e objetos a um mundo virtual e tridimensional.
Pelo metaverso, por exemplo, uma pessoa poderá se encontrar com qualquer outra (ambos representados por avatares) e, assim, ser atendida por um hospital, interagindo com todos os profissionais que trabalham ali – da recepção ao médico. Objetos podem ser tocados, portas abertas, medicamentos prescritos, sintomas avaliados, exames realizados e, quanto mais avançadas as ferramentas de imersão e os dispositivos vestíveis, maiores serão as possibilidades.
Isso porque o metaverso é a extrapolação e soma de recursos imersivos como realidade virtual, aumentada e mista. Ele permite que o usuário tenha uma experiência tridimensional e altamente sensitiva. Entenda mais cada um desses conceitos:
Realidade virtual: o usuário tem contato com um mundo criado virtualmente (programado), dentro do qual pode interagir com ambientes e cenários sem sair do lugar. As ações são limitadas de acordo com a programação daquele universo e a interação acontece por meio de equipamentos como joystick e óculos de realidade virtual. Uma pessoa pode caminhar por um hospital que foi criado virtualmente ou que existe na vida real e suas dimensões foram copiadas para a realidade virtual;
Realidade aumentada: de maneira simplificada, aqui ocorre o inverso. Elementos virtuais são inseridos na vida real e o usuário pode ver e ouvir avatares e objetos em 3D usando aparelhos como smartphones ou óculos. Ao direcionar a câmera do equipamento para um ambiente real, a tecnologia insere os elementos virtuais conforme o objetivo do uso.
Realidade mista: também conhecida como realidade estendida, permite uma imersão que vai além da visão, audição ou tato. Wearable devices, óculos de realidade aumentada e outros dispositivos possibilitam que o usuário tenha uma experiência mais sensitiva com os elementos virtuais. Na educação de medicina, por exemplo, os estudantes podem interagir com órgãos virtuais que se assemelham milimetricamente que suas cópias reais.
O metaverso é tudo isso e vai além. É uma realidade paralela, onde as pessoas podem se encontrar e mudar de ambientes, tocar, sentir e vivenciar experiências únicas daquele universo. Um grupo de executivos de uma organização de Saúde pode, por exemplo, reunir-se para discutir estratégias de gestão dentro de uma sala de reuniões totalmente criada para aquele momento, sendo que cada pessoa pode estar em qualquer parte do mundo real.
Como surgiu
O conceito do metaverso foi amplamente explorado na literatura dos anos 1990 e, nos anos posteriores, a indústria dos games absorveu e transformou as ideias em jogos futuristas. Muitos especialistas em história da tecnologia citam a obra “Snow Crash”, do escritor Neal Stephenson, como a primeira a usar o termo “metaverso” como um ambiente paralelo à vida real. No livro, o protagonista Hiro, um entregador de pizza, assume o personagem de um samurai hacker dentro do mundo virtual (que o escritor chama de metaverso).
A tecnologia imersiva ganhou destaque na vida real em meados de 2021, quando o empresário Mark Zuckerberg anunciou a criação de um mundo virtual onde as pessoas poderão se encontrar, conversar, trabalhar juntas e realizar qualquer tipo de ação – tudo sob representação de avatares. A aposta na novidade foi tamanha que o empreendedor mudou o nome da empresa de Facebook para Meta.
O mundo ainda está descobrindo as possibilidades proporcionadas pelo metaverso. À medida que a conversão de novas tecnologias ganha escala, modelos de negócio se transformam e a medicina, aliada à gestão, poderá promover soluções e serviços personalizados e com valores mais focados na resolutividade e experiência dos clientes. Participar e estar atualizado com as inovações, portanto, torna-se um ato fomentador para inovar dentro do próprio negócio.