A interconectividade entre objetos permite que a organização de Saúde expanda sua atuação, essa é um dos principais benefícios do IoT
Por Roberto Gordilho
A IoT (Internet of Things, internet das coisas, em tradução do inglês) pode ser descrita como uma rede de aparelhos, gadgets e equipamentos eletrônicos interconectados pela internet. As vantagens da inovação acontecem pela troca de dados e operação remota via softwares e sensores. E como o próprio termo sugere, para que a IoT seja um diferencial no negócio, quanto mais “coisas” estiverem conectadas, maiores são as possibilidades para a inovação. Na Saúde, uma das aplicabilidades mais usual é o monitoramento remoto de sinais vitais dos pacientes. Mas é possível ir além.
As vantagens da IoT são inúmeras e das mais variadas complexidades. Porém, essa inovação surgiu com uma ideia aparentemente simples. Tudo começou no Reino Unido na década de 1990. Os varejistas da época começaram a utilizar cartões de fidelidade com um chip acoplado para transmissão de informações simples. Isso acontecia graças à tecnologia de identificação por radiofrequência ou RFID (Radio Frequency Identification). A moda acabou despertando a atenção de Kevin Ashton, que na época trabalhava para a Procter & Gamble Company, uma multinacional de bens de consumo. Ashton enfrentava o desafio de melhorar o controle de estoques da unidade em que operava.
Dentro dos laboratórios da AutoID na MIT, o jovem pesquisador encontrou uma forma de agregar microchips nas mercadorias da Procter & Gamble Company de forma que as informações contidas em cada item indicavam a venda ou falta no estoque. Não demorou muito para que tudo pudesse ser interligado com a internet, melhorando a velocidade de troca dos dados e mostrando um novo ramo de atuação tecnológica para Ashton.
Em um artigo publicado no ano de 1999 pelo jornal RFID Journal, ele postulou:
“Se tivéssemos computadores que soubessem tudo sobre as coisas em geral – usando dados que coletassem sem a nossa ajuda – seríamos capazes de rastrear e contar tudo, e reduzir bastante o desperdício, a perda e os custos. Nós saberíamos quando é necessário substituir, reparar ou fazer um recall de um produto, e se estão novos ou ultrapassados. Precisamos capacitar os computadores com seus próprios meios de coletar informações, para que possam ver,ouvir e cheirar o mundo sozinhos, com toda a sua glória aleatória.”
Portanto, a IoT vai muito além de ter objetos chipados e conectados à rede. A questão aqui trata-se do comportamento e percepção sensorial dos equipamentos. A transformação acontece quando uma geladeira que antes apenas armazenava vacinas e medicamentos passa a compreender o estoque desses insumos, cotar no mercado os melhores custos benefícios, estipular prazo de entrega com relação à durabilidade do fármaco e realizar uma compra.
Dessa forma, para utilizar e se beneficiar de todas as vantagens da IoT, uma organização de Saúde precisa muito mais que apenas equipamentos conectados à rede. É preciso uma estrutura digital veloz, com proteção de dados e pessoas altamente capacitadas para operar e definir a funcionalidade de cada dispositivo. Além disso, outras inovações podem ser incrementadas para potencializar o uso da IoT, como inteligência artificial e computação em nuvem.
Sensores ingeríveis
Outra forma de transformar os negócios em Saúde, principalmente no ramo da medicina, são os dispositivos ingeríveis capacitados com IoT. Menos invasivos que cirurgias, os sensores ingeríveis podem encontrar enfermidades como, por exemplo, tumores, determinar a localização correta, tamanho e dimensões em tempo real. Além disso, com o uso da inteligência artificial o profissional responsável pelo procedimento tem em mãos informações sólidas sobre possibilidades de tratamento e tomada de decisão.
Biossensores
Os wearable devices, ou equipamentos vestíveis, são o exemplo mais prático da IoT para a Saúde. Com biossensores acoplados ao corpo ou vestimentas, os sinais e frequências corporais do paciente são compartilhados em tempo real com a organização de Saúde. Por isso, formam um excelente modelo de previsibilidade e medicina preventiva. Afinal, enquanto os equipamentos (as coisas) monitoram a pessoa, os dados são usados pelas equipes multiprofissionais que elaboram ações personalizadas de prevenção. Além disso, as informações também podem ser usadas pela gestão para otimizar serviços e experiências.
Performance dos equipamentos
Mesmo com todas as redundâncias e revisões periódicas, é possível que em algum momento algum equipamento cirúrgico ou de uso hospitalar possa apresentar uma falha. E novamente a IoT agrega economia e redução de custos. Afinal, com acesso à internet, percepção de contexto e AIDC (Identificação Automática e Captura de Dados), os próprios equipamentos indicam a durabilidade e necessidade de reparo. Isso fornece mais previsibilidade para a gestão, que pode estudar a troca no melhor momento com o custo benefício mais atrativo.
Em geral, os benefícios da IoT são potencializados quando essa tecnologia é aplicada de acordo com a realidade da instituição de Saúde. Para cada fim é possível agregar novas tecnologias e melhorar o atendimento e entrega de valor para os clientes. Contudo, é preciso investir na modernização do parque tecnológico e, principalmente, na capacitação e treinamento das equipes. Afinal, as coisas, as máquinas, podem indicar os dados, porém cabe às pessoas a tomada de decisão.