Governança Corporativa

Hospital: conheça os efeitos colaterais da falta de governança corporativa

Falta de organização interna, desalinhamento entre departamentos e lideranças sem autonomia são alguns dos sintomas de uma administração não profissionalizada

por editorial GesSaúde

Um dos principais indicativos de uma organização de Saúde com pouca ou nenhuma aderência à metodologia de governança corporativa é a desorganização interna. Uma vez que o conceito tem como característica determinar regras e parâmetros de gestão da entidade, abrir mão dele leva a uma administração instintiva e não profissionalizada. Com as condições desafiadoras do mercado de Saúde, que incluem a transformação digital, mudanças nos modelos de remuneração e monetização e aquecimento de fusões e aquisições, hospitais que não tiverem uma gestão madura e baseada em metodologias não conseguirão se manter vivos e relevantes.

Alguns sintomas ajudam a identificar a falta de compromisso com as técnicas de governança corporativa:

  • Desalinhamento entre departamentos: isso se reflete em problemas de comunicação, retrabalho, baixa eficiência operacional e não atendimento a protocolos internos;
  • Lideranças sem autonomia: baixa autonomia das lideranças para tomada de decisões operacionais e gerenciais;
  • Falta de profissionalização da gestão: determinações baseadas no feeling dos gestores ou do dono do hospital, mesmo que estejam em desacordo com a estratégia empresarial divulgada;
  • Ausência de prestação de contas: compartilhamento de informações sobre o negócio às partes interessadas ocorre sem frequência adequada, quando ocorre;
  • Falta de transparência: board e demais gestores desconhecem processos decisórios ou não têm acesso a decisões antes de elas serem tomadas;
  • Desalinhamento entre sócios: problemas de relacionamento entre os sócios do hospital transparecem nos demais departamentos, causando desalinhamento nas dinâmicas de trabalho e excesso de competitividade negativa interna.

A governança corporativa é crucial para evitar esses desgastes, principalmente em organizações geridas por grupos familiares. Transparência, responsabilidade corporativa, equidade e prestação de contas são fundamentos que uniformizam o negócio e apresentam um padrão ético a ser seguido por todos, dos gestores aos funcionários.

A falta de uma estratégia de governança corporativa também dificulta o enfrentamento de crises financeiras e baixas de orçamento. Decisões concentradas apenas nas mãos do superintendente podem dificultar os processos, deixando-os lentos e, muitas vezes, ocasionando no não atingimento das melhores soluções. Importante frisar, ainda, que decisões monocráticas reduzem o engajamento da equipe.  

Para mudar

Profissionalizar a gestão por meio da governança corporativa exige a criação de um Conselho de Administração, submissão das demonstrações financeiras a um auditor totalmente independente da gestão e garantias de que ninguém na companhia está envolvido em decisão sobre sua remuneração. Esses três itens representam apenas o primeiro dos cinco níveis de maturidade da metodologia, que prevê ainda a instalação de Conselho Fiscal, comitês de auditoria, recursos humanos e de governança corporativa, entre outros aspectos que são listados no texto Os 5 níveis de maturidade da governança corporativa.

As instituições vivem um dilema entre a gestão empresarial e o assistencialismo – e é nesse âmbito que o conceito contribui, ajudando a resolver questões-chave para quem gerencia e fornecendo  respostas claras para quem presta contas, além de definir  regras de investimento e administração do hospital.

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Foto: Pixabay

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