A operação dos hospitais está cobrando conhecimentos e novas metodologias inerentes aos gestores extraordinários da Saúde
Por Roberto Gordilho
A mudança de paradigmas na Saúde provocado pela recente crise do Covid-19 cobrou ações imediatas e estratégias de alto impacto para a manutenção das organizações. O cenário é de amadurecimento profundo, a toque de caixa. Os gestores da Saúde estão sentindo na pele a complexidade do setor e a necessidade de dominarem habilidades e os fundamentos para realizar uma gestão madura. O momento é de prova e desafios impactantes que vão desde a condução e estruturação de novas rotinas, até a revisão e adoção de controle de caixa.
Grande parte dos hospitais e clínicas privados está enfrentando dificuldade financeira muito grande. Isso vai fragilizar essas instituições. Esse é o primeiro efeito: aquisições vão se acelerar no pós-crise. É uma continuidade histórica. Até o início de 2020 as fusões e aquisições estavam em alta no mercado. Após a pandemia, diversas instituições vão estar na esteira da venda ao menor custo. Ou seja, os preços das instituições vão desabar. E isso significa um aumento da taxa de consolidação da Saúde. E esse é um grande desafio para os gestores: continuar o trabalho com um novo mindset, uma nova cultura organizacional de quem fez a compra.
Perfil empresarial
Nessa gama de aquisições e consolidações, outro fator predominante é a aplicação de novos paradigmas na gestão dos hospitais e clínicas que foram comprados. Ou seja, essas organizações vão sentir na operação a profissionalização com foco no resultado contínuo. Por isso, o movimento de profissionalização vai acelerar fortemente. Aqueles que não compreenderem essa dinâmica e buscarem atualização, conhecimentos e habilidades, muito provavelmente não vão conseguir se manter na Saúde até o fim da pandemia. O mundo pré-pandemia, no qual os profissionais estavam mais voltados para a cura e tratamento, foi substituído pode organizações que se preocupam com o faturamento, tal como com a qualidade dos serviços.
Extensão da crise
O profissional que faz parte do grupo de gestores extraordinários da Saúde é aquele com habilidade de se reinventar e adaptar a cada mudança de cenário. Esse também é um fator competitivo que determina quem permanece nos postos de trabalho. Isso, porque, é muito incipiente prever um determinado fim para a crise. É possível que esse período aconteça apenas se o mercado conseguir desenvolver uma vacina contra o Covid-19. Portanto, o desafio é desenvolver o lado profissional enquanto a crise vai sendo gerida. Mais que isso, para um gestor extraordinário o momento é de adquirir experiência e saber aplicá-la.
A transformação na Saúde está acontecendo de forma dolorida, pois a tradição da gestão hospitalar nunca esteve direcionada para prever cenários de catástrofe como o de agora. E quem tiver maturidade para estar próximo da mudança do setor vai conseguir absorver as habilidades de um gestor extraordinário.