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Estratégias para prevenir burnout na organização de Saúde: Insights de Ana Tomazelli

A psicanalista e CHRO Ana Tomazelli apresenta estratégias eficazes para prevenir o burnout entre profissionais da Saúde e ampliar a qualidade dos serviços prestados

Por Editorial GesSaúde

O burnout é uma realidade crescente no setor de saúde, afetando diretamente a qualidade dos serviços prestados e a saúde mental dos profissionais envolvidos. Ana Tomazelli, psicanalista, CHRO e mentora de carreiras com mais de 25 anos de experiência em Recursos Humanos, traz uma visão clara e prática sobre como enfrentar esse desafio, com base em sua vasta experiência dentro e fora do Brasil. Essas questões serão abordadas em sua palestra no III Congresso Brasileiro de Maturidade de Gestão na Saúde.

Ana Tomazelli inicia sua abordagem com a necessidade de uma revisão criteriosa no dimensionamento dos times. Ela alerta para a prática comum de tratar os colaboradores como recursos, uma visão que precisa ser urgentemente revisada. “Não é possível olhar para os humanos como recursos, porque os recursos nós utilizamos até esgotar e, depois, substituímos. É o que estamos fazendo com pessoas, mas a reposição está acabando.” Ela destaca que as novas gerações estão se recusando a reproduzir modelos de trabalho que adoecem, o que está gerando uma crise de mão de obra que, segundo Ana, embora pareça indissolúvel, pode ser resolvida com uma abordagem mais humana e estratégica.

Essa revisão deve considerar fatores como a quantidade de pessoas, turnos, plantões, contratos de trabalho, e até a distância da residência ao local de trabalho. Além disso, é crucial levar em conta marcadores sociais como gênero e raça, garantindo que as decisões de dimensionamento não apenas atendam às necessidades operacionais, mas também promovam a equidade e o bem-estar.

Ferramentas de Gestão de Pessoas

Em segundo lugar, Ana propõe um rompimento com as ferramentas tradicionais de Gestão de Pessoas, que ela considera obsoletas e ineficazes no contexto atual. “Essas ferramentas cumpriram seu papel em uma configuração passada de trabalhos presenciais, síncronos, hierárquicos por essência […] mas já não atendem às demandas de um ambiente de trabalho moderno e diversificado.” Ana defende a necessidade de abandonar práticas como a marcação rígida de ponto, advertências formais e outros dispositivos de controle que não contribuem para o engajamento dos colaboradores.

Ela sugere que as organizações devem buscar novas formas de gestão que sejam mais flexíveis e adaptáveis, permitindo que os profissionais de saúde exerçam seu trabalho com maior autonomia e confiança, sem o peso de mecanismos de controle antiquados.

Compromisso 

O terceiro ponto destacado por Ana é a necessidade urgente de discutir o equilíbrio entre compromisso e recompensa no ambiente de trabalho. Ela observa que os contratos de trabalho estão cada vez mais fragilizados, enquanto as exigências das empresas permanecem rígidas. “Estamos fragilizando os contratos de trabalho e, no entanto, os empregadores seguem exigindo cumprimento de regras como horários de trabalho.” Por outro lado, os profissionais continuam buscando segurança e descanso, reivindicando benefícios como férias e 13º salário.

Ana destaca que essa tensão entre as expectativas dos empregadores e as necessidades dos trabalhadores cria um ambiente de desconfiança, especialmente quando se consideram os marcadores sociais de gênero e raça. Para ela, é fundamental estabelecer um diálogo aberto entre empregadores e empregados para encontrar um equilíbrio justo que atenda às necessidades de ambas as partes.

Construção de Relações Saudáveis

O quarto ponto, que Ana considera o mais importante, é a capacidade de promover um diálogo honesto e a construção de relações saudáveis dentro das organizações. “Isso envolve guardar o orgulho no escaninho e fortalecer o ego, regular o Narciso que existe em nós.” Ana ressalta que, embora pareça simples, desenvolver essas habilidades de escuta, fala e mediação emocional é um desafio para muitos líderes e colaboradores.

Ela enfatiza que a construção de relações saudáveis demanda tempo e esforço, algo que está se tornando cada vez mais escasso no ritmo acelerado das organizações modernas. No entanto, Ana acredita que investir no fortalecimento das relações interpessoais é essencial para prevenir o burnout e promover um ambiente de trabalho onde os profissionais de saúde possam prosperar.

Saúde Mental e Qualidade dos Serviços 

Ana Tomazelli também aborda a relação intrínseca entre saúde mental e a qualidade dos serviços de saúde prestados. Ela argumenta que a saúde mental deve ser vista como parte integrante da saúde física. “Cabeça faz parte do corpo. Então, saúde mental é saúde física, sim, e precisa ser entendida como tal.”

Ela faz uma analogia poderosa para destacar a importância dessa perspectiva: “Se você está diante de alguém com uma fratura exposta, um osso pra fora do corpo jorrando sangue, você nunca vai dizer ‘que besteira, um sol tão lindo lá fora, vamos dar uma volta’.” Para Ana, as questões de saúde mental devem ser tratadas com a mesma seriedade e urgência que qualquer outra condição física visível.

Ana observa que, se a saúde mental de um profissional de saúde não está em equilíbrio, isso afeta todas as áreas da vida desse indivíduo: desde as relações afetivas até os resultados profissionais. “A qualidade de qualquer coisa que façamos […] será diretamente dependente da nossa capacidade de concentração, organização, comunicação, ação em todos os sentidos.”

Ana Tomazelli apresentará esses e outros insights valiosos em sua palestra no III Congresso Brasileiro de Maturidade de Gestão na Saúde, que ocorrerá no dia 19 de setembro, em São Paulo. Este evento é uma oportunidade imperdível para gestores, líderes e profissionais de saúde que desejam aprender mais sobre como promover a saúde mental no trabalho e prevenir o burnout.

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