A Saúde está vivenciando um novo ambiente desafiador para a gestão, caracterizado pela volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade
Por Roberto Gordilho
Em um mundo em transformação é fundamental para a gestão atualizar a caixa de ferramentas. Ou seja, estar preparado para responder aos desafios de cada momento. O modelo clássico de gestão é o modelo atualmente utilizado na grande maioria das instituições e, apesar de continuar importante, já não é mais suficiente para responder às mudanças e desafios de um cenário que se altera na velocidade da luz.
Os desafios e necessidades atuais são característicos de um mundo VUCA (Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity – volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, respectivamente). Sendo assim, é preciso adotar modelos de gestão que tenham uma maior capacidade de adaptação a esta realidade de mudanças constantes. Essa habilidade tem se tornado cada vez mais fundamental para garantir a sobrevivência e adaptabilidade das organizações de Saúde.
Incerteza
Em 1927 o físico alemão Werner Heisenberg enunciou uma expressão matemática que define o quão impreciso é conhecer as propriedades de posição e momento linear de uma partícula. Afora a complexidade do conceito, ele pode ser utilizado como exemplo expressivo da realidade VUCA que, não apenas a Saúde, mas toda a sociedade está se adaptando. Voltando à esfera da gestão, importantes ferramentas para o ciclo adaptativo são os métodos ágeis.
Os métodos ágeis foram criados pelas empresas de tecnologia para garantir resultados rápidos em curto espaço de tempo, em um ambiente no qual que a incerteza é uma variável importante do processo. Ou seja, nada mais parecido com o momento que é a nova realidade da Saúde com a necessidade de repensar seu modelo de negócios, criar novos produtos e serviços e buscar uma aproximação maior com o cliente, aplicar novas tecnologias e se reinventar.
Técnicas de gestão
É aí que entram as metodologias ágeis. Elas compõem um conjunto de técnicas de gestão que permitem uma forma mais ágil e adaptável às mudanças. Além disso, esses conceitos proporcionam ao gestor estruturar as entregas em ciclos curtos, permitindo velocidade e aprendizado contínuo da equipe. As metodologias ágeis são caracterizadas por produzirem entregas rápidas e frequentes.
O modelo ágil é baseado em ciclos iterativos e incrementais, o que traz flexibilidade e adaptabilidade. Uma característica importante para gerar melhoria contínua para os processos e todos os envolvidos a eles.
Existem muitas vantagens da aplicação de métodos ágeis, em detrimento das abordagens tradicionais de gerenciamento de projetos. Entre as principais estão:
- Maior alinhamento entre o time e com os clientes e rápida resolução de possíveis problemas e conflitos;
- Redução de riscos e resultado final de alta qualidade;
- Economia de recursos por meio de entregas mais assertivas;
- Agilidade e eficiência nas entregas e na execução do projeto como um todo;
- Flexibilidade para propor alternativas e chegar à melhor solução possível.
Existem diversas metodologias ágeis que podem ser aplicadas a projetos, como, por exemplo:
SCRUM
O Scrum é um framework para desenvolvimento e sustentação de produtos criado por Ken Schwaber e Jeff Sutherland. O Guia do Scrum define alguns papéis, artefatos e eventos que compõem o método.
Com o Scrum é possível empregar diversos processos e técnicas para a construção de produtos por meio de práticas iterativas e incrementais.
LEAN
O Lean é um conceito criado pela Toyota que pode ser traduzido como “enxuto” e que se tornou bastante conhecido no universo das StartUps e do empreendedorismo, depois que Eric Ries criou o termo “Lean StartUp” ou StartUp enxuta.
Um dos focos do Lean é a identificação e eliminação eficiente de desperdícios dentro de uma organização ou durante a execução de um projeto. Nessa abordagem, apenas os recursos necessários são utilizados para a realização dos trabalhos e é fundamental reduzir custos, diminuir a complexidade das tarefas, melhorar as entregas, aumentar a produtividade e compartilhar informações.
Em seu livro, Ries reforça ainda a importância de trabalhar com MVPs (Produto Mínimo Viável) para que empresas e equipes validem suas ideias e projetos e percebam seus pontos de êxito e falhas antes de investir mais tempo e esforço para colocar a versão completa no mercado antes de partir para a execução completa de um projeto.
KANBAN
O Kanban é um método para gestão do trabalho também criado pela Toyota na década de 1940, no qual um conjunto de cartões é colocado em circulação em um sistema que equilibra demanda e capacidade de entrega. É uma gestão a vista baseada em cartões visuais que proporcionam acompanhar o fluxo de andamento das atividades e entregas.
SMART
O Smart é uma excelente forma de criar objetivos mais reais e atingíveis para sua empresa – ou para o projeto. Para utilizá-lo é necessário apenas ter em mente os princípios dessa metodologia, que são indicados por cada uma das letras do seu nome.
Segundo o SMART as metas devem ser S – de Specific (específicas), M – de Measurable (mensuráveis), A – de Attainable (atingíveis), R – de Relevant (relevantes), T – de Time-related (com tempo definido)
Os métodos são como ferramentas, você deve usar o que melhor encaixar no contexto do momento da organização ou projeto. Existe um ditado que diz que para quem só tem martelo, todo problema parece prego. Dessa maneira, o gestor tem que aumentar seu repertório de métodos para garantir que estará utilizando a melhor ferramenta em cada momento de necessidade.