Segundo o General Eisenhower: “Preparando batalhas descobri que o plano é inútil, mas o planejamento é indispensável”
Por Roberto Gordilho
Muitas organizações acreditam que o grande produto do planejamento é o plano e se atêm a ele como se representasse a verdade mais absoluta do universo. E aí começam os problemas: o grande produto do planejamento não é o plano, é o ato de planejar, analisar cenários, traçar estratégias, buscar identificar tendências, definir caminhos. O plano traçado deve ser apenas um referencial de caminho a seguir dentro da realidade do cenário traçado.
Ao se elaborar um planejamento existem diversas variáveis do contexto. Muitas vezes os pressupostos do plano não se provaram verdadeiros, a informação estava incorreta ou incompleta, o inimigo mudou táticas, novas ameaças surgiram, as prioridades são outras.
O cenário muda rapidamente e o plano precisa no mínimo de revisões e quase sempre de adaptações constantes.
E é aí que entra a importância do domínio da “arte” de planejar (licença poética). Segundo Jim Collins “Existe uma grande diferença entre montar um plano e se preparar. Nas empresas que se dão melhor em meio ao caos, existe uma visão muito clara de que não dá para prever o que vem a seguir e não é possível fazer planos detalhados. Mas as empresas podem se preparar para os problemas.”
Planejamento
E este é objetivo básico do planejamento, se preparar para responder às mudanças de cenário. Ainda de acordo com o General Eisenhower “Antes da batalha, o planejamento é tudo. Assim que começa o tiroteio, planos são inúteis”.
Não estamos em guerra no sentido clássico da palavra, mas o que é o mercado senão uma guerra diária pela sobrevivência? Uma guerra por aumento de território (crescimento)? Uma guerra por domínio de terreno (mercado)? É bem por aí, a cada dia enfrentamos novos desafios e a concorrência está sempre pronta a nos desafiar, então mais que nunca, melhor estar preparado.
Uma estratégia só é perfeita se devidamente combinada com os russos, afinal como disse Garrincha em 1958 “Tá legal, seu Feola… mas o senhor já combinou tudo isso com os russos?”, o Brasil foi campeão, mas não podemos contar com a sorte, e nem sempre temos Pelé e Garrincha no nosso time.
Métodos ágeis
Considerando que nunca temos a visão do todo e de todas as informações, nosso plano não pode ser uma amarra que não nos deixe espaço para mobilidade, e aí entram a filosofia dos métodos ágeis de gestão.
Luiz Luz no Blog Synergia coloca “Uma análise superficial da gestão de projetos com metodologias ágeis pode dar a impressão que não existe planejamento e que o projeto é conduzido ao sabor do improviso. No entanto, a vivência do Scrum rapidamente desmorona essa imagem, mostrando que, apesar da inexistência de um plano detalhado e rígido, planeja-se muito mais do que geralmente se faz nas metodologias tradicionais.”
Por que grande parte das empresas elabora o seu plano estratégico no final do ano e em março ninguém sequer lembra mais que ele existe? Vira uma peça de gaveta que só vai ser avaliado novamente no planejamento do ano seguinte, e muitas vezes ouço “este não foi um ano bom, não conseguimos bater as metas”, mas como vai bater se ninguém olhou para elas, se o plano foi para a gaveta, se não foi acompanhado, atualizado, revisto, redefinido, sequer monitorado?
Gestão
Em 2020 aconteceu um fato marcante: em março, com a pandemia da Covid-19, todos os planos traçados em 2019 simplesmente perderam o sentido prático, a mudança no contexto foi tão brusca que o passado deixou de ser referência para o futuro. Neste momento ficou bastante claro quem tinha um plano e quem sabia planejar.
Quem sabe planejar, sabe se adaptar, é flexível, reavalia rapidamente e cada instante o cenário e consegue se adaptar ao novo de forma mais rápida, quem se atém ao plano, bem…, este fica perdido esperando um novo comando, e foi isso que aconteceu com muitas empresas, ficaram perdidas e demoraram muito a reagir.
Revisão
Quem tinha um plano teve a necessidade de entender tudo para se mover, quem sabia planejar rapidamente ajustou as velas e seguiu em frente na tempestade, mesmo sem entender bem, mas seguiu em frente avaliando o cenário a cada instante e ajustando os instrumentos.
Jim Collins diz que “Montar um plano quer dizer que você sabe exatamente o que vai acontecer e precisa determinar minuciosamente o que fazer a respeito. Preparar-se significa que você não sabe o que está por vir, mas estará pronto para o que vier.“, e esta é a diferença fundamental.
Em mundo em constante transformação ter um plano é importante. Porém, saber planejar é fundamental.