Líder deve estar preparado e ter maturidade de gestão para conduzir a transformação digital
por André Farias
Com a evolução tecnológica dos últimos tempos, a prestação de cuidados em Saúde cada vez mais se aproxima de soluções inovadoras e equipamentos modernos para desempenhar com excelência suas ações. As ferramentas de tecnologia da informação (TI) se apresentam hoje como mecanismos fundamentais na assistência, sobretudo com o advento do prontuário eletrônico.
Os benefícios da informatização dos serviços de Saúde são inúmeros. Entre eles se destaca a consolidação das informações do paciente, possibilitando uma maior agilidade tanto no acesso aos dados quanto na confiabilidade. Além disso, a análise dos produtos possibilita um melhor controle e regulação dos fluxos assistenciais, principalmente com redução de custos. Entretanto, é preciso maturidade de gestão para lidar com os indicadores e conceitos oriundos desses sistemas.
Para esse contexto, é necessário um gestor preparado adequadamente para sua função. Ele deve apresentar as devidas condições para avaliar o conjunto formado pelo cenário da Saúde e a tecnologia requerida, a fim de tomar a decisão que proporcione o melhor custo-benefício para a organização e para os usuários dos serviços de Saúde de forma geral.
Cabe ressaltar que, para a adoção de novas tecnologias e inovações, é necessário primeiro mapear todo o conhecimento disponível a respeito e, posteriormente, avaliar a custo-efetividade e a segurança do que será implementado. A avaliação de tecnologias deve considerar o benefício global e não apenas o aspecto financeiro, sempre com suporte nas melhores evidências disponíveis.
As evidências científicas fornecem um substrato propício para a tomada de decisão no processo de incorporação desses novos elementos. Seu uso no processo decisório torna possível a aplicação racional de recursos financeiros, que se apresentam cada vez mais escassos.
A implementação de novas tecnologias nos serviços de Saúde exige habilidades relacionais para sensibilizar os colaboradores para a incorporação de novas práticas. Para implantar uma inovação se torna primordial:
- Dividir as tarefas e responsabilizar os respectivos atores;
- Avaliar os contextos e cenários;
- Enfrentar resistência à mudança;
- Escolher um local específico para começar (projeto piloto);
- Refletir na sustentabilidade;
- Considerar a responsabilidade global;
- E cogitar cada aspecto a ser implementado.
Tudo isto deverá ser concebido através de um pertinente planejamento estratégico.
As novas tecnologias, mesmo dispendiosas no primeiro momento, devem ser escolhidas e empregadas se melhorarem a qualidade da assistência prestada e, ainda, se reduzirem custos direta ou indiretamente a longo prazo, uma vez que estejam de acordo com o plano traçado pelo gestor.
É preciso também incorporar novas tecnologias que permitam a melhoria na qualidade do processo de trabalho dos profissionais da linha de frente dos serviços, visto que elas podem trazer alternativas diferentes que interfiram beneficamente nas ações cotidianas deles. Desta forma, é possível assegurar uma evolução nas condições de trabalho, fundamental para o estímulo à excelência na prestação do cuidado e para o incremento na satisfação dos colaboradores assim como dos usuários.
Portanto, as inovações no setor de Saúde, ao mesmo tempo que agilizam e facilitam diversos processos assistenciais, trazem também novos fatores instigantes aos gestores. Eles devem estar bem informados e preparados para enfrentar as novas contendas tecnológicas, com a pertinente maturidade de gestão.
André Farias é consultor da GesSaúde, sócio da FSL Governance, Mestre em Gestão de Tecnologias e Inovação em Saúde, possui MBA em Gestão Hospitalar, Especialista em Gestão de Saúde Pública e Médico com experiência em Gestão de Saúde.
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