Metodologia garante a melhor aplicação dos recursos financeiros e a maximização dos resultados, possibilitando a melhoria da qualidade da assistência
por editorial GesSaúde
Não é incomum que hospitais sejam eficientes na gestão do cuidado e sofram com baixa rentabilidade por causa do desperdício de insumos, capital humano e recursos tecnológicos. O orçamento empresarial é uma etapa fundamental para quem quer se manter vivo e relevante no mercado cada vez mais turbulento da Saúde, no qual é preciso oferecer o melhor atendimento com os recursos necessários para isso, nem mais nem menos. A metodologia serve não apenas para garantir a melhor aplicação do investimento, mas também para maximizar resultados. Auxilia, ainda, na garantia de recursos que promovam segurança do paciente, qualidade da assistência, eficiência dos processos e retorno de investimentos.
A origem histórica do orçamento empresarial ocorreu em meados da década de 1760, na Inglaterra, como uma estratégia de controle e acompanhamento dos gastos governamentais. Na atualidade, é uma metodologia que une controle e planejamento, e portanto auxilia na saúde financeira e continuidade da instituição. Entre os principais resultados, estão:
- Clareza de responsabilidades: o orçamento implica que os gestores e sua equipe formalizem suas responsabilidades e planejem metas para curto, médio e longo prazos.
- Facilidade de acompanhamento: a ferramenta estabelece objetivos específicos – o que facilita o acompanhamento e torna clara a visualização do cumprimento, ou não, das metas. Por exemplo: se o objetivo é crescer 20% em receita mas o avanço foi de 15%, a diferença é pragmática e não cabe dupla interpretação. Isso resulta em conferências objetivas e planos de ações assertivos.
- Amplitude de gerenciamento: a ferramenta permite uma visão macro do hospital, sem que se perca uma leitura individualizada, com a contribuição de cada área, para o resultado final. Dessa forma, o executivo consegue coordenar as ações considerando as particularidades de cada departamento. Por exemplo: se há problemas no estoque, as ações corretivas serão feitas apenas no processo de armazenamento de insumos, sem que haja necessidade de modificar os protocolos da enfermagem.
Como construir
O orçamento é, geralmente, construído considerando um ano fechado. Para elaborá-lo, é preciso avaliar tanto o conjunto de planos que a entidade planeja executar no ano de referência, considerando plano de negócios (objetivos internos e externos), e também o cenário do mercado (demanda, concorrência, etc).
O cruzamento dessas informações gera o forecast: melhor previsão ou estimativa possível de toda a peça orçamentária, com base na receita, despesa, custo e resultado. A entidade deve equilibrar essas ofertas e projetar o número de procedimentos de acordo com a sua capacidade instalada e seu quadro de funcionários.
As projeções para o ano do orçamento podem ser feitas sob duas perspectivas:
- Com base no histórico do ano anterior: feito quando a entidade quer manter suas estruturas e formato de atendimento do período passado, melhorando, contudo, performance e calculando taxas de crescimento, considerando potencial de aumento de demanda.
- Com base zero (OBZ- Orçamento Base Zero): utilizado quando a cada ano a instituição refaz do zero seu planejamento orçamentário redefinindo ou revisando toda sua estrutura de custos, item a item, com base no planejamento definido.
Para garantir a execução daquilo que foi planejado, todos os níveis gerenciais devem participar da formatação do orçamento. Isso garante uma visão holística da organização. Deve-se ainda levar em conta que a peça orçamentária não pode ser rígida. Na área de Saúde, que lida com doenças que mudam e epidemias que surgem, é importante adequar o plano quando houver intercorrências. Exatamente por isso, é necessária revisão constante, podendo ocorrer mensalmente, trimestralmente, ou sempre que preciso.
Assim como para todos os patamares da estrutura empresarial, é necessário adotar indicadores de qualidade e resultados para melhor compreensão e implementação do orçamento. Avaliar de forma regular e objetiva onde e em que estão sendo aplicados os recursos da instituição, comparar com o planejado, e tomar as ações corretivas pode significar a diferença entre lucro e prejuízo no final do ano.
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