Tecnologia de Gestão

Como implantar indicadores de desempenho no hospital

Instrumentos de gestão ajudam a monitorar o impacto da tecnologia na qualidade do atendimento e na geração de resultados

por editorial GesSaúde

Indicadores de desempenho, ou Key Performance Indicators, são instrumentos de gestão utilizados para monitorar e avaliar os serviços prestados pelas organizações. Eles auxiliam na formulação e alcance de metas, identificação da necessidade de mudanças, redução de custos, avaliações de desempenho e, inclusive, no cumprimento da missão da organização.

TI estratégica para evoluir a maturidade de gestão hospitalar

Na gestão hospitalar, são quatro os principais grupos de indicadores de desempenho, listados por Cláudio Boghi, professor do curso de gestão da tecnologia da informação da Universidade Anhembi Morumbi:

  • Capacidade: mede, em percentual, o número de projetos que a organização é capaz de produzir dentro de um intervalo de tempo preestabelecido.
  • Produtividade: está ligada à eficiência dos processos (que são otimizados quando há gerenciamento das atividades), medindo a proporção de recursos empregados em relação à entrega de soluções. Por exemplo, pode-se estabelecer uma quantidade de recursos que seria ideal e comparar com aquela que foi utilizada depois de o processo ser concluído, a fim de fazer uma gestão mais adequada dos custos e da forma como são empregados.
  • Qualidade: está relacionada à eficácia. Nesse caso, a medição mostra se as metas e objetivos estabelecidos no planejamento foram cumpridos com qualidade e dentro do prazo.
  • Impacto: determina a efetividade no serviço oferecido pelo hospital, avalia a satisfação dos pacientes com as soluções propostas e se elas atendem aos objetivos de entrega de qualidade no atendimento somados aos resultados financeiros da instituição.

Boghi destaca que para implantar indicadores de desempenho hospitalares é preciso cautela e planejamento. “Como os indicadores refletem a situação real e complexa de um hospital, é fundamental ir passo a passo, ou seja, implantar um indicador por vez. Quando calculados e planejados, eles ajudam a indicar a direção e a velocidade das mudanças e ainda servem para comparar diferentes áreas ou grupo de pessoas em um mesmo momento dentro do hospital.”

Na avaliação de João Carlos Lopes Fernandes, professor do curso de engenharia de computação do Instituto Mauá de Tecnologia e especialista em engenharia biomédica, em algumas ocasiões, uma consultoria externa pode ajudar. “A consultoria especializada pode fazer a implantação porque tem esse conhecimento, mas é imprescindível validar os dados junto aos administradores hospitalares, médicos e demais gestores, que serão impactados e avaliados pelos indicadores no dia a dia.”

O consenso entre os especialistas é que a ferramenta, após implantada, deve ser gerida por um grupo multidisciplinar de gestores de nível estratégico, que devem vir das áreas de clínica médica (médicos), infraestrutura hospitalar (engenheiros elétrico ou eletrônico), finanças (diretor financeiro ou administrador), entre outras. “Mas é preciso também ter o apoio do gestor de TI, de preferência especializado no setor de Saúde”, indica Fernandes.

Resultados

Boghi explica que, com o acompanhamento dos indicadores de desempenho, é possível otimizar o gerenciamento da taxa de ocupação hospitalar, a porcentagem de ocupação de leitos, a taxa de ocupação de UTI, o tempo médio de permanência do paciente no hospital, o giro de rotatividade, e medir o retorno sobre o investimento (ROI) – que pode ser calculado por procedimento, por médico, por convênio, por especialidade, por departamento -, entre outros. “As informações geradas pelos sistemas informatizados poderão ser sistematicamente comparadas para avaliar o desempenho da instituição ao longo do tempo e, se for preciso, melhorá-lo.”

Como qualquer organização, o hospital precisa ficar atento aos erros que podem ser cometidos quando se implantam indicadores de desempenho, saber como prevê-los e, mais que isso, preveni-los. Na avaliação de Fernandes, do Instituto Mauá, é preciso levar em consideração o controle do estoque de medicamentos e da administração aos pacientes, o acesso aos sistemas, entre outros fatores. “Um sistema de gestão, quando bem alimentado, consegue prevenir a maioria dos erros”, avalia.

Boghi lembra que a falta de entendimento dos processos pode ser apontada como um dos principais fatores que geram erros no hospital. “Os indicadores de desempenho ajudam a verificar a quantidade de vezes que determinada tarefa não foi concluída ou não chegou a ser iniciada. Com eles, o gestor passa a avaliar o número de inconformidades ao longo de cada etapa e, assim, identifica o que precisa ser ajustado. A melhoria contínua dos processos é um meio eficaz de prever erros.”

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Foto: Freepik

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