Descubra como aplicar princípios da neurociência para aumentar o foco, reduzir distrações e elevar a produtividade da sua gestão em Saúde.
Por Roberto Gordilho
Vivemos na era da hiperconexão. E-mails, WhatsApp, reuniões, relatórios, telefonemas e uma avalanche de informações disputam nossa atenção a cada minuto. Para os líderes da Saúde, essa realidade é ainda mais desafiadora: além das pressões típicas da gestão, existe a responsabilidade de coordenar processos que afetam diretamente a vida das pessoas.
Mas se a mente está sempre fragmentada, a capacidade de liderar com clareza e propósito se perde. É aqui que a neurociência traz contribuições poderosas: compreender como o cérebro funciona nos permite desenhar rotinas mais produtivas, cultivar foco e tomar decisões mais inteligentes.
O cérebro como recurso estratégico do líder
O cérebro humano não foi projetado para lidar com múltiplas tarefas ao mesmo tempo. Ao contrário do que muitos acreditam, o “multitasking” não aumenta a produtividade – ele reduz. Pesquisas em neurociência mostram que, a cada mudança de tarefa, o cérebro precisa de segundos preciosos para se reorganizar, gerando fadiga mental e perda de eficiência.
Isso significa que líderes que passam o dia inteiro pulando de uma reunião para outra, respondendo mensagens entre relatórios e lidando com interrupções constantes, terminam o dia exaustos, mas sem sensação real de progresso.
O cérebro é um ativo estratégico para o líder, e aprender a preservá-lo é tão importante quanto cuidar das finanças ou dos indicadores de qualidade assistencial.
Foco: o superpoder do século XXI
Na gestão hospitalar, onde tudo parece urgente, saber focar no que é realmente importante é um diferencial competitivo. Mas o foco não acontece por acaso – ele precisa ser treinado.
A neurociência mostra que a atenção é como um músculo: quanto mais você exercita, mais forte ela fica. Isso exige práticas consistentes, como:
- Trabalhar em blocos de tempo concentrado (técnica Pomodoro ou blocos de 90 minutos);
- Eliminar distrações físicas e digitais – silenciar notificações e criar ambientes preparados para a concentração;
- Definir prioridades claras no início do dia, alinhadas aos objetivos estratégicos da instituição.
A pergunta central é: você tem clareza sobre o que merece sua atenção como líder, ou está apenas reagindo ao que chega até você?
A produtividade sob a lente da neurociência
Produtividade não é fazer mais em menos tempo. Produtividade é fazer o que gera impacto, com a energia certa e no momento certo.
A neurociência revela que o cérebro opera em ciclos ultradianos, períodos de 90 a 120 minutos nos quais nossa atenção e energia atingem picos. Respeitar esses ciclos significa organizar a rotina para as tarefas mais exigentes nesses momentos, deixando atividades menos complexas para os intervalos.
Quer um exemplo aplicado à saúde? Um gestor pode reservar o início da manhã – quando a mente está mais fresca – para analisar indicadores críticos de segurança do paciente. Já as reuniões administrativas podem ser alocadas para períodos de menor intensidade cognitiva.
Emoções, foco e tomada de decisão
Outro ponto central da neurociência é a relação entre emoções e desempenho. Sob estresse intenso, o cérebro ativa a amígdala – região responsável pelas respostas de luta ou fuga – reduzindo a capacidade de raciocínio lógico do córtex pré-frontal, área ligada à tomada de decisão.
Isso explica por que líderes sob constante pressão tomam decisões precipitadas, muitas vezes baseadas em medo ou urgência. Para evitar esse ciclo, é fundamental adotar estratégias de regulação emocional:
- Pausas curtas de respiração consciente durante o dia;
- Práticas de mindfulness para treinar a atenção plena;
- Reflexões rápidas ao final do expediente sobre como emoções influenciaram decisões importantes.
Liderar com clareza começa por liderar o próprio estado mental.
Exemplos reais na gestão hospitalar
Tenho acompanhado líderes extraordinários que aplicam esses princípios com resultados impressionantes. Um gestor de um hospital filantrópico em Minas Gerais, por exemplo, decidiu bloquear duas manhãs por semana para atividades estratégicas: análise de indicadores, revisão de projetos e desenvolvimento da equipe de liderança. Em pouco tempo, percebeu que sua clareza aumentou e sua equipe se tornou mais autônoma.
Outro exemplo: uma diretora de enfermagem de um grande hospital privado implementou pausas coletivas de 5 minutos para respiração consciente durante turnos críticos. A mudança simples reduziu indicadores de estresse da equipe e melhorou a comunicação entre profissionais.
Pequenas práticas, quando sustentadas pela ciência, geram grandes transformações.
Neurociência e o futuro da liderança em Saúde
O futuro da liderança na saúde será cada vez mais mental. Tecnologias como Inteligência Artificial vão apoiar processos técnicos, mas a capacidade de manter foco, priorizar e decidir com equilíbrio continuará sendo insubstituível.
Líderes que compreenderem como funciona o cérebro e treinarem a atenção terão vantagem competitiva em ambientes cada vez mais incertos e dinâmicos.
E você, já treina sua mente para liderar?
O convite que deixo é para que você, líder da Saúde, olhe para si mesmo com a mesma atenção que dedica à sua equipe e à sua instituição. A pergunta não é se você tem tempo, mas se você tem foco.
Porque, no fim, produtividade não se mede pela quantidade de tarefas concluídas, mas pelo impacto real que suas decisões têm sobre a vida de pessoas, equipes e pacientes.
No Clube Liderança para Vida, exploramos como líderes podem desenvolver foco, clareza e energia a partir da neurociência aplicada à gestão. Venha fazer parte dessa comunidade de líderes extraordinários que estão moldando o futuro da saúde.



















