Processo contínuo permite que a organização de Saúde defina seus objetivos e evolua a maturidade de gestão hospitalar
por editorial GesSaúde
O planejamento estratégico é o pensamento sistêmico estruturado, organizado para que uma instituição alcance os objetivos previamente traçados. Para o hospital, que também deve ser visto como um negócio, é essencial para que se chegue ao equilíbrio entre a qualidade do atendimento ao paciente e os recursos finitos. Afinal, saúde não tem preço, mas tem custo.
Hospital: como o planejamento estratégico eleva receita sem ampliar investimentos
Aimar Lopes, coordenador dos cursos de pós-graduação em administração hospitalar e gestão da qualidade em organizações de Saúde do Centro Universitário São Camilo, destaca que, por se tratar de uma ferramenta de gestão, o planejamento estratégico precisa ser contínuo. “Esse processo deve permitir que a organização atinja seus objetivos por meio de suas capacidades. Mas não se pode esquecer de se alinhar às necessidades e alterações do mercado, como também promover inovações e até mesmo mudanças de rumo. A importância do planejamento reside na sobrevivência e crescimento do negócio, portanto, toda organização deve contribuir com a elaboração, acompanhamento e aprimoramento.”
Especificamente para o hospital, Lopes avalia que o planejamento estratégico é ferramenta importante para evoluir a maturidade de gestão, pois está associado à profissionalização administrativa. “Resumidamente, quando um hospital realiza a gestão estratégica, ele define sua visão, missão, valores, metas e objetivos. Os planos de ação traçados e os controles adotados permitem correções de rotas e evolução. Todas as áreas, do assistencial ao backoffice, devem estar contempladas na estratégia, assim, há melhorias na segurança do paciente, qualidade assistencial, humanização, infecção hospitalar, eficácia dos serviços prestados, logística, gestão das contas hospitalares, compras, entre outros aspectos”, destaca o especialista.
Na prática
A elaboração da estratégia demanda tempo e dedicação, já que é preciso olhar para o passado, avaliar o presente e tentar antecipar o futuro.
Lopes destaca que, por mais que não seja um processo simples, é possível alcançá-lo com dedicação. “Primeiro é preciso definir o modelo de negócio, seguido por um exercício de reflexão do futuro e elaboração dos desejos da organização. Dessa ação nascem os objetivos. A próxima etapa seria desmembrar esses objetivos para os gestores funcionais elaborarem planos de ação e indicadores que irão possibilitar alcançar os objetivos e medir a evolução. Em seguida é hora de pôr em prática os planos e medir os resultados por meio dos indicadores. Lembrando que é um processo contínuo, então, não se deve esquecer de colher o feedback e retornar ao primeiro passo.”
Aimar traça um roteiro prático que pode auxiliar gestores a elaborar o planejamento estratégico do hospital:
- 1° passo: descreva o histórico da organização;
- 2º passo: defina e analise o modelo de negócio;
- 3º passo: defina ou altere a missão, visão e valores da organização;
- 4º passo: analise os cenários e defina os objetivos organizacionais e ações estratégicas;
- 5º passo: elabore os planos de ação para implementar as estratégias;
- 6º passo: implemente os planos;
- 7º passo: faça o acompanhamento contínuo.
Resultados
Lopes acredita que o planejamento estratégico e seu acompanhamento contínuo podem auxiliar a evoluir a maturidade de gestão hospitalar e alcançar objetivos, tais como conhecer e definir o modelo de negócio, determinar os objetivos, definir estratégias, conhecer e acompanhar os resultados por meio dos controles.
O especialista cita também outros resultados desejáveis: melhoria do desempenho geral, crescimento dos serviços, aumento da receita, redução dos custos, melhor qualidade do atendimento, melhoria da segurança do paciente, fluxo de internação mais eficiente, sistema de comunicação eficaz, melhor organização e controle dos serviços, melhor desempenho financeiro, redução das reinternações e infecções hospitalares, redução dos estoques e custos como um todo.
“Para que o hospital consiga obter sucesso com a administração estratégica, é preciso que seus gestores sejam empreendedores, eficientes e maduros a fim de conduzir esse processo com a participação de toda a organização na busca pelos resultados”, define Lopes.
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