A análise de cenários é formada por um conjunto de ferramentas voltadas a preparar o negócio para possíveis desafios e necessidade de adaptação eminente
Por Roberto Gordilho
Crises econômicas e intercorrências do mercado são situações que podem parecer difíceis de serem previstas. E a pandemia da Covid-19 foi um exemplo disso. A grande maioria dos gestores de organizações de Saúde, bem como o setor de pesquisas médicas, se viu imerso em um ambiente turbulento no qual a necessidade de adaptação batia à porta das instituições a todo o momento. Só que a crise sanitária foi um marco extremo na Saúde mundial – e serviu como importante aprendizado. Mostrou também que prever cenários é uma habilidade que pode trazer mais segurança e estabilidade para a organização.
A análise de cenários é fundamental para estruturar e direcionar o planejamento estratégico. É importante destacar que o conceito não está fundamentado apenas na previsão do futuro, de forma empírica ou subjetiva. Trata-se de um método técnico de gestão. É uma questão que envolve a determinação de fatores que podem se tornar reais e que, por isso, demandam planejamento para, se acontecerem, ter uma tomada de decisão precisa.
E o primeiro passo para desenvolver uma boa análise de cenários é compreender que o planejamento estratégico não pode ser estático. Ele precisa estar aberto para mudanças.
Para antever ambientes de crises para o negócio, ou mesmo oportunidades promissoras, é preciso estar por dentro do que está acontecendo dentro e fora da instituição. O contato preliminar com essa visão acontece na etapa de definição das forças e fraquezas do projeto, essencial para a concepção do planejamento estratégico. Ali, por meio de conceitos como Matriz Swot e as 5 Forças de Porter, o gestor se torna mais íntimo do que tem em mãos para evoluir o empreendimento e corrigir possíveis falhas.
Mas analisar cenários vai muito além disso. É possível contar com opiniões de executivos que formam o corpo diretivo ou que fazem parte do conselho administrativo. Acompanhar e medir as entregas também permite aos gestores compreenderem quais ambientes podem acontecer e transformar toda a operação. Ao mesmo tempo, é preciso manter uma visão a respeito do que acontece fora da organização. E aqui entra a importância de aprender com outros players do mercado.
Benchmarking
O benchmarking é uma análise e interpretação sobre as estratégias e práticas utilizadas por outras empresas de um mesmo setor. Compreenda: o conceito está muito longe da cópia e plágio de produtos, serviços ou posicionamento. Aqui é fundamental conhecer bem os concorrentes, identificar seus pontos fortes, fraquezas, quais fatores que colocam sua organização à frente desses players e como eles podem superar seu negócio.
Benchmark significa “referência”, em tradução do inglês. Por isso, o olhar estratégico para a concorrência visa captar as experiências frutíferas e aquelas que não renderam respostas positivas. Dentro da análise de cenários, fazer benchmarking requer interpretar o mercado com base na atuação dos concorrentes, coletar informações e transformar tudo em dados que podem ser usados pela gestão para direcionar o negócio ou ajustar pontos do planejamento estratégico.
Existem outras ferramentas de gestão que podem auxiliar na análise de cenários externos. A exemplo das capacidades da Matriz Swot e 5 Forças de Porter, a Análise Pestel requer um pensamento analítico sobre as tendências que podem acontecer em todo o contexto externo tanto da organização de Saúde, como o ambiente socioeconômico em geral. O acrónimo Pestel é formado pelas palavras:
- Político
- Econômico
- Social
- Tecnológico
- Ecológico
- Legais
Em cada um desses ambientes, o gestor deve se atualizar constantemente sobre as movimentações e ter um olhar crítico a respeito do que pode impactar no próprio negócio. Pela Análise Pestel também é possível vislumbrar oportunidades, ambientes e caminhos pouco explorados, permitindo que os gestores possam ter ideias inovadoras e desenvolver a organização dentro de um novo nicho ou modelo de atuação.
Manter-se atento sobre o que pode acontecer dentro e fora da instituição é tarefa básica na análise de cenários. As informações e dados colhidos pouco servirão se a gestão não estiver pronta para tomar decisões suportadas por estratégias e adaptar todo o planejamento estratégico às transformações do mercado.
O mercado está se transformando em uma velocidade muito grande, e com certeza você tem ouvido muito essa retórica. Afinal, grandes conglomerados estão se formando, o setor está em uma fase avançada de consolidação e a cada dia surgem novos produtos, serviços, modelos de negócio e, o principal, as novas tecnologias estão por trás de toda essa movimentação.
A análise de cenários também demanda que os gestores saiam da zona de conforto e estejam em constante atenção sobre o que pode vir acontecer e impactar os negócios. É uma ferramenta que exige do planejamento estratégico uma avaliação contínua, ou seja, o tempo para conquistar as metas, objetivos e resultados deve ser conviver com análises e avaliações para prever mudanças nos planos e orientar o negócio para novos caminhos.
Se a gestão ficar presa no plano anterior, no passado, o negócio pode enfrentar grandes dificuldades – ou mesmo sofrer consequências que demandam muito mais esforço, energia e investimento para retomar a estabilidade.
O mundo está em transformação acelerada. O poder de adaptação tem que responder na mesma velocidade das mudanças. E ter estratégias para que isso aconteça de forma segura é o diferencial na Saúde.