No contexto globalizado e altamente competitivo, a inovação na Saúde desloca os negócios para atender às reais necessidades dos clientes e melhor posicionamento mercadológico
Por Roberto Gordilho
Quantas ideias surgem dentro da sua organização de Saúde? Você consegue mensurá-las e elencar quais são de fato inovadoras, transformam ou melhoram o negócio? Quando a competitividade bate à porta, ter novos modelos de operação, serviços e produtos deixa de ser um diferencial competitivo e adentra a seara da sustentabilidade e posicionamento no mercado. A inovação na Saúde é uma busca constante de gestores e lideranças que interpretam nas transformações aceleradas oportunidades de desenvolver novas formas de a instituição entregar valor e ser reconhecida pelos clientes.
Cultura de inovação
A cultura organizacional que tem a inovação como fundação metodológica é caracterizada por uma série de habilidades e valores que propiciam a criatividade dentro de todas as áreas de um negócio em Saúde. São práticas de valorização das pessoas, otimização do uso de recursos e infraestrutura, além do aperfeiçoamento de resultados.
Nesse sentido, entende-se a cultura de inovação como uma nova forma de compreender e trabalhar os processos empresariais. Quando difundida por toda a instituição, a cultura correta tem o poder de incentivar os colaboradores a fornecer o máximo de si em prol do posicionamento e ganho de competitividade.
Portanto, essa construção deve acontecer de forma orgânica em todo o negócio. As pessoas devem ser incentivadas e terem à disposição toda a infraestrutura e os caminhos para inovar. Criar uma cultura de inovação é um ato de colaboração e compartilhamento de formas de pensar e enxergar serviços e produtos.
Com um modelo encorajador e questionador de agir, as pessoas podem propor maneiras distintas da organização transpor os desafios e estar cada vez mais próxima dos clientes. E como tudo na Saúde se baseia em estratégias, é fundamental que os gestores conheçam os modelos de inovação mais praticados e como podem gerar resultados para a organização.
10 modelos de inovação
A inovação vista como propulsora dos negócios pode ser fragmentada em três eixos. Na verdade, são esquemas organizados conforme os aspectos relacionados à sustentabilidade e posicionamento de um negócio: inovações de configuração, de oferta e de experiência. Dentro de cada eixo são desenvolvidos os modelos de inovação e suas estratégias.
Inovações de configuração
Aqui a inovação deve ser trabalhada tendo em vista a estrutura interna de uma organização de Saúde: processos, métodos organizacionais, entre outros
- Modelo de inovação por lucro: a inovação é direcionada para a forma como a instituição capta os recursos financeiros para ter constância e equilíbrio. As ideias podem favorecer a experiência de troca com os clientes. Ou seja, a inovação transforma produtos e serviços (o que e como oferecer) e também o pagamento (o que e como cobrar);
- Modelo de inovação por rede: como inovar é um ato de compartilhamento e colaboração, a instituição de Saúde pode se valer das habilidades e capacidades das pessoas e parceiros. Tanto dentro como fora do negócio existem potenciais que podem ser usados para transformar o modelo de condução das rotinas e relacionamento com os clientes. Essa forma de inovar acontece ao criar uma rede de contatos e parcerias colaborativos ou usar os exemplos e experiências como benchmark;
- Modelo de inovação por estrutura: hierarquias mais planas e menos rígidas permitem que as pessoas possam se aproximar das tomadas de decisão e apresentar suas ideias. Nas startups, por exemplo, o papel de chefia e direção engessada foi abandonado em favor de uma maior participação de todas as pessoas na criação de produtos e serviços de forma mais ágil;
- Modelo de inovação por processos: inovar nos processos exige transformação e abertura na forma de pensar para combinar os recursos disponíveis para melhor atender a necessidade dos clientes e criar novas formas de gerar valor.
Inovações de oferta
Aqui os modelos de inovação estão centrados no fornecimento de produtos e serviços pela organização de Saúde. Podem ser divididos em:
- Inovação no desempenho de produto: nesse modelo, a inovação está direcionada para a melhoria do desempenho (tempo, qtde de recursos, etc.) dos produtos e serviços, atualizações e todos os tipos de evoluções que melhoram o desempenho das ofertas de serviços da organização junto aos clientes.
- Inovação no sistema de produto: mais uma vez a sensação e interação dos clientes e usuários da Saúde devem estar na mira de atenção dos profissionais inovadores. Produtos e serviços são elaborados de maneira a responderem positivamente à modularidade, integração e interoperabilidade de organizações, fornecedores e operadoras, para criar ofertas mais alinhadas a cada público.
Inovações de experiência
As pessoas estão buscando instituições que, de fato, ofereçam serviços resolutivos e que geram saúde e bem-estar. Mais que isso, é preciso que o negócio seja acessível e converse com os clientes na mesma linguagem.
- Inovação nos serviços: Aqui é possível ampliar o valor agregado por meio de inovações criadas para melhorar o desempenho, a oferta e abrangência dos serviços junto ao público;
- Inovações no canal: a acessibilidade ganha destaque com inovações voltadas para o canal de entregas dos serviços (por exemplo, telemedicina) e relacionamento com os clientes;
- Inovações na marca: uma transformação universal deve acontecer dentro da organização de Saúde para que sua marca reflita seus valores, e esteja estrategicamente, posicionada no mercado. Por exemplo, em 2017 o Hospital de Câncer de Barretos passou por uma mudança de posicionamento, sendo que a marca foi repaginada para Hospital de Amor: a ideia é mostrar ao público o processo de humanização do cuidado conquistado por investimentos em tecnologia e capacitação dos recursos humanos;
- Inovações no envolvimento do cliente: para que um negócio se desenvolva, as inovações precisam atrair e conquistar o engajamento dos clientes. É fundamental criar ideias que melhorem o modelo de acesso e interação entre os clientes (usuários, pacientes, médicos, etc.) e a organização de Saúde.
Conectando áreas, pessoas, parceiros e tecnologias é possível organizar as estratégias necessárias para o surgimento da inovação. Ela, contudo, não pode ser estanque e imutável. A organização deve acompanhar o fluxo de mudanças externas e estar sempre melhorando e aprimorando serviços, produtos e formas de interação com seu público. Além de garantir a sustentabilidade, a instituição também conquista benefícios como retenção de talentos e visibilidade mercadológica.