Para especialistas, independentemente do modelo de implantação, envolver todos os colaboradores é essencial para alcançar os resultados almejados
Por editorial GesSaúde
Mapear os processos do hospital, a depender do porte da instituição, pode ser trabalho longo, que requer investimento e apresenta variados desafios. Há duas opções: contratar uma consultoria especializada ou formar um time interno. Em ambos os casos, é essencial que toda a equipe, do backoffice ao assistencial, esteja envolvida para que os resultados almejados sejam alcançados.
Airton Viriato de Freitas, coordenador do curso de pós-graduação em administração hospitalar da Universidade Metodista de São Paulo, e Celso Baldesin, do Hospital Emílio Ribas, explicam as diferenças entre os modelos: a consultoria é formada por um grupo de profissionais especializados que fazem serviços por demanda, estipulando um valor a ser cobrado. Primeiramente, fazem o diagnóstico situacional, traçam uma meta e aplicam uma metodologia para atingir determinado objetivo. Por serem especialistas, possuem experiência no método e focam em entregar os resultados acordados. Os contratos, em geral, possuem escopo e prazo bem definidos.
Já o grupo interno, conforme os especialistas, é formado por profissionais com conhecimento específico, escolhidos dentro da organização de Saúde. Esse grupo também fará o diagnóstico situacional, alocará os recursos e traçará metas para atingir os objetivos.
A escolha por um ou outro modelo depende de diversos fatores, entre eles o nível de qualificação da equipe interna para desenvolver o trabalho, a verba disponível para investimento e, ainda, o nível da maturidade de gestão hospitalar da organização. Para Roberto Gordilho, da GesSaúde, no caso da opção por uma consultoria, é preciso ir além do mero mapeamento e implantação dos processos. “É importante que o serviço inclua a qualificação do time interno, com o objetivo de garantir a continuidade e evolução dos processos mapeados. Quanto mais se prepara o time interno, melhor é o resultado do trabalho”, avalia.
Os especialistas concordam que, quando a escolha é por uma consultoria externa, é preciso engajar as equipes internas para a plena adesão, como parte do plano de gerenciamento de processos do hospital. “Por meio da capacitação, os colaboradores desenvolvem os processos gerenciais, com uso de avaliações e indicadores periódicos”, destacam Freitas e Baldesin.
Passo a passo
O primeiro passo para a implantação do gerenciamento de processos no hospital, conforme os especialistas, é convocar os líderes setoriais das áreas de gestão e assistencial: são eles que irão receber o treinamento específico e multiplicar para os demais colaboradores, explicam Freitas e Baldesin. Esse envolvimento deve ser feito tanto no caso da escolha por uma consultoria quanto na opção pela equipe interna.
Realizar reuniões interdepartamentais entre os envolvidos em cada um dos processos desenhados é uma forma apontada pelos especialistas para garantir a adesão e plena execução, além de mapear todas as interfaces e integrações no processo fim a fim. Assim, os funcionários sabem exatamente a responsabilidade individual e como não conformidades podem afetar o processo como um todo, levando a impacto administrativos e financeiros para a empresa e afetando, ainda, a qualidade do atendimento ao paciente.
É importante lembrar que, além da necessidade de mapear os processos, parte do gerenciamento inclui a revisão periódica, em busca de pontos que podem ser aprimorados. Com processos desenhados com a participação de toda a equipe e uma gestão madura, é possível identificar gargalos, corrigir erros e até mesmo mudar totalmente o serviço prestado, focando onde é possível garantir a excelência.
Afinal, é preciso ter em mente que o principal objetivo da organização de Saúde continua um só: equacionar o equilíbrio entre garantir o cuidado com a vida e a segurança do paciente, e a disponibilidade de recursos limitados. Está aí o desafio, e não há consultoria ou grupo interno que possa resolvê-lo sem a participação direta de todos, dos funcionários aos gestores – e também do próprio paciente, o termômetro de avaliação de cada processo mapeado e executado.
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