Volume de procedimentos gerado e repasse de reajustes para clientes, são algumas das dificuldades do atual modelo de remuneração
Por Roberto Gordilho
A eficiência na Saúde tem diminuído nos últimos anos e o principal percalço é o modelo de remuneração praticado na cadeia do setor. Os planos de Saúde têm praticado reajustes acima da inflação, prejudicando pacientes e fomentando uma Saúde menos humana. Além disso, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) iniciou um plano para fiscalizar reajustes atípicos de planos de Saúde.
O modelo de remuneração no setor tem implicado diversas dificuldades na operação do negócio para hospitais e atendimento de qualidade para os pacientes. Isto é, a ineficácia do modelo atual da Saúde no Brasil ocorre da seguinte forma:
- Hospital: a organização fatura o pagamento por serviço. Ou seja, a instituição recebe da operadora pelo número de serviços e procedimentos executados no atendimento.
- Operadora: por sua vez, os planos de Saúde tendem a questionar e auditar o volume de procedimentos apresentados pela organização – e por consequência, muitas vezes surgem as glosas.
Esse modelo em nada contribuiu para a eficiência da cadeia de Saúde, uma vez que o volume de procedimentos que está sendo gerado é superior à necessidade. Além disso, o complexo médico industrial da Saúde tem produzido equipamentos cada vez mais modernos, potentes e ofertando como se apenas esses produtos fossem a solução de todos os problemas da humanidade.
A eficácia na cadeia de Saúde também é reduzida devido a alta produção de novos medicamentos. Ou seja, com o modelo de remuneração voltado para o pagamento por serviços e insumos utilizados, a indústria de medicina e farmacêutica vem incentivando o consumo de produtos voltados para cura de doenças, a medicina humanizada tem perdido o espaço dentro das organizações de Saúde.
Pagamento por performance
Tal modelo de operação na Saúde implica na transferência do ônus para a ponta do negócio: o paciente. Por isso, atualmente o modelo de remuneração por performance tem ganhado força no mercado. Porém, uma vez que a cadeia de Saúde inicie a operação com tratamentos a preço fixo, e uma demanda maior por eficiência, os gestores devem administrar melhor seus custos da instituição. Caso contrário, a receita não vai acompanhar o crescimento dos gastos, prejudicando toda a operação.
No pagamento por performance, o hospital assume todos os riscos: clínico, operacional, empresarial e jurídico. Portanto, aumentar a maturidade de gestão da Saúde é essencial para adequar o negócio para o pagamento por performance, garantindo o crescimento da eficiência.