O mercado de Saúde precisa de uma visão madura que extraia das ferramentas de gestão existentes todo o seu potencial. Para isso, não basta ter um plano: é preciso segui-lo
Em 2017 completo 30 anos de experiência no mercado corporativo, sendo que metade deles estive mergulhado no setor de Saúde, trabalhando, especificamente, com projetos de tecnologia da informação em hospitais. Em todo esse tempo, um tema vem à minha mente – como se uma peça central estivesse faltando em um quebra-cabeça – que não me dá sossego e gera um nível de incômodo que lembra aquelas coceiras insistentes, que remédio nenhum consegue curar. Estou falando de uma gestão completamente integrada, que permita a maturidade de gestão hospitalar.
O incômodo foi tanto que mergulhei em um mestrado para buscar a teoria que a prática me mostrava todo o tempo, o quão importante é essa visão integrada – e, mais importante, como tocar esse processo. Mas, ainda assim, o incômodo não passou. Era preciso produtar a ideia e levá-la ao mercado, de maneira que a construção dessa evolução ocorresse de forma contínua e adequada à realidade de cada instituição.
Repaginei a Extreme Tecnologia, empresa que fundei há quase três décadas. Agora ela é GesSaúde, um acrônimo criado a partir das palavras gestão e saúde. A marca está 100% comprometida em levar o conceito e a prática de evoluir a maturidade de gestão hospitalar ao mercado, de forma exequível e consistentemente, entendendo cada instituição como única, respeitando sua cultura e suas características.
Esse trabalho não é simples. Por dois motivos principais.
O primeiro deles é que a gestão de grande parte dos hospitais hoje ainda é departamental. Há feudos dentro da organização, que impedem uma visão e gestão integral e mais efetiva da entidade como um todo. O segundo vem da ideia de que informatizar é o único caminho para se elevar os níveis de gestão. Como resultado desse último equívoco, há diversas instituições de Saúde equipadas com carros com tração nas quatro rodas, rodando na pavimentação lisa da cidade. Depois de coordenar a implantação de sistemas de gestão em centenas hospitais nos últimos anos, constatei que 90% deles utilizam, apenas, de 30% a 40% da potência dos sistemas de gestão que possuem. Por falta de conhecimento, de processos, de capacitação, de estratégia, de disciplina, entre outros tantos motivos.
A situação é ainda mais grave quando repousamos as vistas sobre os hospitais de pequeno e médio portes ou nos afastamos um pouco dos grandes centros. Com a queda de preço da tecnologia dos últimos anos, é possível encontrar ferramentas que poderiam auxiliar muito no gerenciamento – mas, novamente, elas não são usadas em sua total capacidade e terminam gerando benefícios muito inferiores a seu potencial, e a culpa é sempre do fornecedor. Mas fica a pergunta: será mesmo que é isso mesmo?
Evoluir a maturidade de gestão hospitalar requer, antes de tudo, um planejamento sólido e estruturado de negócio. Porque, sim, hospital é um negócio e, como qualquer empresa, deve ser gerido para uma melhor performance, aumento do resultado financeiro, redução de custos e desenvolvimento contínuo do produto final, que é o cuidado e a segurança do paciente.
Formular um planejamento estratégico só não é mais difícil do que segui-lo. Papel aceita qualquer coisa e muitas instituições fazem planejamento todo ano apenas para colocar na gaveta em março ou abril. O grande desafio é acompanhar de forma regular, corrigir o rumo, tomar decisões, aprender. Isso exige técnica e muita disciplina, mas é fundamental para alcançar os resultados planejados.
Nos últimos meses, tenho dormido e acordado com uma missão clara na mente: elevar o nível de maturidade de gestão hospitalar das instituições do Brasil. Bradar aos quatro ventos, divulgar, jogar em todas as redes sociais possíveis. Evangelizar a todos que encontro – sempre seguindo uma rotina rígida e estruturada de reuniões, apresentações e participação em eventos.
De tanto falar com tanta gente, e escrever sobre o assunto já vemos que algumas instituições estão começando a se questionar se não existe um caminho diferente, e sempre pergunto: Você está satisfeito com seus resultados? A instituição está produzindo o máximo de resultados que poderia? É uma organização que aprende? Está melhorando a cada dia?
Me pergunto a cada dia: como contribuir com a aceleração da maturidade de gestão hospitalar das instituições independentemente de serem clientes GesSaúde? Não quero ajudar cem, 200, 300 ou 500 instituições – mas todos os hospitais do Brasil. Em breve, terei novidades sobre isso.
A verdadeira riqueza não é medida pela quantidade de bens que acumulamos, mas pelo total de sonhos realizados. E como sonho que se sonha junto é o prelúdio da realidade, lhe convido a sonhar comigo.
Roberto Gordilho é fundador da GesSaúde e especialista em sistemas de informação, engenharia de software, desenvolvimento web e em finanças, contabilidade e auditoria, possui mais de 30 anos de experiência nas áreas de tecnologia e gestão, sendo 15 na área da Saúde.