Médico docente explica a importância dos conceitos modernos de gestão hospitalar na formação acadêmica
Por Editorial GesSaúde
A gestão hospitalar apresenta novos desafios para as organizações em um ritmo cada vez mais acelerado. A demanda pela aplicação de conceitos de administração moderna tem chegado nos cargos mais altos das instituições. Eficiência, qualidade na prestação dos serviços e uma condução equilibrada do negócio são os requisitos mínimos para uma gestão hospitalar estruturada e que apresenta bons resultados operacionais. Por isso, a formação acadêmica em medicina tem incorporado os princípios de gestão para preparar os novos profissionais para os cenários do mercado de Saúde.
O coordenador do curso de medicina do campus São Paulo da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), Fernando Teles de Arruda, explica que os conceitos de gestão hospitalar passaram a fazer parte da grade curricular das universidades devido a necessidade de manter a sustentabilidade das organizações de Saúde. “O princípio da gestão em Saúde praticado há algumas décadas era amadora e intuitiva, do ponto de vista técnico. Esse modelo de gestão hospitalar era caracterizado ainda pelo corporativismo por parte dos médicos e administrados por organizações familiares. Essa característica é falha em vários pontos. Gera um atraso coletivo, pois como não existem elementos técnicos de gestão, não acontecem avaliação sistemática e estratégica”, comentou o docente.
Evolução da gestão
Para Arruda, além das transformações no mercado influenciadas pela economia, outros aspectos tornaram possível uma atenção maior para a gestão hospitalar na formação do médico. “De algumas décadas para cá houve uma transformação no modelo de gestão da Saúde, com o processo de informatização e comunicação intensos, e proliferação de cursos de medicina. Nesse contexto, a gestão hospitalar se torna crucial. Por isso, desde 2014 os currículos acadêmicos passaram a contar com elementos de gestão”.
O médico cita 5 principais pilares de gestão moderna que os novos médicos em formação estão sendo inseridos:
- Recursos e insumos: os médicos devem estar preparados para lidar com o gerenciamento de recursos e insumos. O professor Arruda usa uma expressão tradicional da profissão para explicar essa necessidade: a lei da caneta do médico. “80% dos gastos passam direta ou indiretamente na prescrição do médico. Por isso, uma boa gestão dos recursos é fundamental para a saúde do negócio”, comentou;
- Capital humano: a gestão dos recursos humanos também faz parte dos novos aprendizados em gestão hospitalar. Os médicos em formação precisam compreender a gestão do trabalho individual, interdisciplinar e coletivo;
- Indicadores: “O médico tem de participar dos indicadores, compreender os princípios de fluxos, trabalho prévio, e gerir o trabalho o eletivo de forma mais equilibrada”, descreveu Arruda;
- Conhecimento de mercado: uma gestão hospitalar saudável, conforme o docente, exige que o médico saiba lidar e conhecer a lógica de mercado em Saúde, a pressão da indústria farmacêutica e dos fornecedores de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs).;
- Visão horizontal: “Os conceitos de gestão hospitalar fornecem ao médico uma visão horizontal do negócio, em que a área assistencial depende do sucesso da gestão operacional do backoffice”, reforçou Arruda.
Concorrência
As demandas por serviços mais eficientes, com qualidade assistencial aliados a sustentabilidade do negócio se tornam presentes cada vez mais na atuação dos médicos. Conforme o coordenador do curso de medicina da USCS, atualmente existem 340 cursos de medicina, que formam anualmente 35.120 profissionais. “O profissional deve estar constantemente em atualização dos princípios de gestão hospitalar. Isso deve ser uma prática diária, até porque a Saúde está passando por transformações frequentes”, explicou Arruda.
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